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Julgamento de bolsonarista que assassinou Marcelo Arruda vai a júri popular

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Julgamento de bolsonarista que assassinou Marcelo Arruda vai a júri popular

Crime de motivação política estimulada pela violência bolsonarista chocou o país nas eleições de 2022

Cris Vector/Site do PT

Justiça: acusação sustenta que Guaranho praticou ato de violência política e pede punição exemplar

O ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado de assassinar o guarda municipal e líder petista Marcelo Arruda, começa a ser julgado nesta terça-feira (11) em Curitiba. O crime brutal, ocorrido em julho de 2022, em Foz do Iguaçu (PR), se tornou um dos casos mais emblemáticos de violência política no Brasil.

Guaranho responde por homicídio duplamente qualificado, acusado pelo Ministério Público estadual de cometer o crime por motivo fútil e perigo comum. O júri popular pode durar até três dias.

Marcelo Arruda, à época tesoureiro do diretório municipal do PT, celebrava seus 50 anos em uma festa com símbolos do partido e imagens do presidente Lula, que era candidato à presidência.

De acordo com a denúncia, Jorge Guaranho passou pelo local e começou a gritar frases como “Lula ladrão”, “PT lixo” e “Bolsonaro mito”.

Em seguida, voltou ao local armado, invadiu a festa e disparou contra Arruda, que ainda tentou reagir, mas não resistiu aos ferimentos.

Testemunhas relatam que Guaranho gritou “petista vai morrer tudo” antes de atirar. O Ministério Público aponta que a intolerância política foi o principal motivador do crime, o que agrava a acusação.

Julgamento e estratégias de defesa

O júri será conduzido pela juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler, da 1ª Vara Privativa do Tribunal do Júri de Curitiba. O primeiro dia será dedicado ao sorteio dos jurados, leitura do processo e depoimentos de testemunhas e peritos.

A acusação sustenta que Guaranho praticou um ato de violência política e pede uma punição exemplar. “Ninguém pode ser alvo de violência por sua posição política. Isso precisa acabar”, declarou Daniel Godoy Júnior, advogado assistente da acusação.

Leia mais: Marcelo Arruda: Gleisi denuncia conclusão açodada e tendenciosa de inquérito

Já a defesa do réu tenta afastar o caráter político do crime. “A motivação não foi política e isto vai ficar bem claro ao final do julgamento. Temos toda a dinâmica dos fatos em áudio e vídeo”, disse Samir Mattar Assad, advogado de Guaranho.

O deputado federal Bohn Gass (PT-RS) se manifestou em suas redes sociais nesta terça (11): “Começa daqui a 2h, em Curitiba, o julgamento de Jorge Guaranho. Ele é o bolsonarista que invadiu a festa de aniversário de 50 anos de Marcelo Arruda e o matou com dois tiros à queima-roupa. Motivo torpe, sem chance de defesa. Espero a pena máxima”.

 

Prisão domiciliar antes do julgamento

Em setembro de 2024, a Justiça do Paraná concedeu a Guaranho o direito de aguardar o julgamento em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica. A decisão foi criticada pelo Partidos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT) e pelos familiares de Marcelo Arruda.

A presidenta Nacional do partido, Gleisi Hoffmann, se manifestou contra a medida. “A decisão judicial que concedeu prisão domiciliar ao assassino do companheiro Marcelo Arruda não apaga o crime hediondo que ele cometeu e pelo qual deve ser rapidamente julgado com rigor”, escreveu em suas redes sociais.

A viúva de Arruda, Pamela Silva, também expressou indignação. “Uma pessoa que não aceita a diferença não tem condições de conviver em sociedade. Agora a Justiça coloca um assassino na rua. Isso é justo?”.

Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo