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Medo da polícia alcança maioria e expõe crise de segurança pública no Brasil

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Medo da polícia alcança maioria e expõe crise de segurança pública no Brasil

 

Pesquisa revela que 51% têm mais medo do que confiança na PM; Tarcísio admite que “algo não está funcionando”.

 

Imagem: Rovena Rosa/AgBr

Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (21) revela que 51% dos brasileiros acima de 16 anos têm mais medo do que confiança na polícia; 46% disseram confiar mais do que temer os agentes de segurança. O levantamento foi feito em 113 cidades do país, entre os dias 12 e 13 de dezembro, com 2.002 entrevistados e margem de erro de dois pontos percentuais.

O resultado repete o cenário de abril de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), quando 51% afirmaram ter medo e 47% declararam confiar na polícia. Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o índice é um alerta. “A população não se sente segura em relação à atuação da polícia”, afirmou.

O temor à polícia é maior entre mulheres (56%), pretos (59%) e candidatos de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno de 2022 (58%). Já existe confiança entre homens (52%), brancos (53%) e eleitores de Jair Bolsonaro (58%).

Crise de segurança pública em São Paulo

A percepção negativa é intensificada pelos recentes casos de violência policial em São Paulo. Em um dos episódios, um soldado foi filmado arremessando um homem de cima de uma ponte, no bairro Vila Clara, localizado na Zona Sul da capital; um estudante de medicina foi morto por um policial dentro de um hotel, e outro jovem foi assassinado com 11 tiros ao furtar um sabão.

O republicano Tarcísio de Freitas, governados do estado, admitiu, no último dia 5, que “alguma coisa não está funcionando” e passou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares. Segundo ele, abusos não serão tolerados. “O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os agentes de segurança combaterem o crime de forma firme não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa e descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar.”

Embora a violência policial seja amplamente criticada, parte da população ainda apoia discursos que legitimam essas ações, especialmente em um contexto de insegurança. Guilherme Derrite, atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, ilustra essa visão. Em 2021, em entrevista a um podcast, afirmou que saiu da Rota porque “matou muito ladrão”.

E Tarcísio, apesar de concordar que da forma como está não dá para continuar, ele não pretende fazer mudanças na Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo ou na Polícia Militar. “Vou confiar no meu time”, afirmou.

Renato Sérgio de Lima criticou declarações como essa, que, segundo ele, abalam a legitimidade da polícia. “Quando a violência é vista como solução, a polícia perde seu papel de garantir a segurança para todos”, disse.

Informações e desigualdades

A pesquisa mostra ainda que 63% dos brasileiros tomaram conhecimento dos recentes casos de violência policial em São Paulo, sendo que 34% se declararam bem informados e 25%, mais ou menos informados. Entre os informados, 55% afirmaram ter mais medo do que confiança na polícia.

Já entre os que desconhecem os casos, a percepção é mais positiva: 42% infetam mais do que temem. Jovens entre 16 e 24 anos apresentaram o maior índice de desinformação (56%).

Os resultados do levantamento reforçam um quadro de desconfiança e temor em relação à polícia, agravado pelas desigualdades raciais e de gênero e pela crise de segurança pública em São Paulo. Os especialistas destacam a necessidade de compensar a atuação policial, promovendo uma abordagem mais detalhada aos direitos e à segurança da população.

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com agências

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