Netanyahu no banco dos réus: julgamento por corrupção começa em Tel Aviv
Netanyahu no banco dos réus: julgamento por corrupção começa em Tel Aviv
Primeiro-ministro de Israel responde a três casos criminais enquanto enfrenta mandato de prisão internacional por crimes de guerra em Gaza
Publicado pelo Portal Vermelho
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prestou depoimento pela primeira vez nesta terça (10) no processo em que responde por corrupção. Netanyahu é o primeiro premiê em exercício de Israel a ser acusado de um crime.
Netanyahu foi indiciado em 2019 por acusações de suborno, fraude e quebra de confiançaO julgamento começou em 2020 e envolve três casos criminais, conhecidos como Casos 1.000, 2.000 e 4.000.
Além desse processo, há duas semanas, Netanyahu tem um mandato internacional de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra em Gaza. O líder da extrema direita israelense tem usado o conflito no Oriente Médio para desviar o foco e atrasar seu julgamento e manter a base política ortodoxa e supremacista que o sustenta no poder.
Como dita o costume da ultradireira do século 21, Netanyahu busca se defender dos processos atacando o poder Judiciário.
“A verdadeira ameaça à democracia em Israel não é representada por aqueles que foram eleitos pelo público, mas por alguns entre as autoridades de aplicação da lei que se recusam a aceitar a escolha dos eleitores e estão tentando realizar um golpe com investigações políticas raivosas que são inaceitáveis em qualquer democracia”, disse em comunicado.
O premiê adentrou sorrindo ao Tribunal Distrital de Tel Aviv por volta das 10h do horário local (5h em Brasília). O julgamento foi transferido de Jerusalém por razões de segurança, não detalhadas, e realizado em uma sala de audiências subterrânea.
Dezenas de manifestantes se reuniram do lado de fora do tribunal, alguns apoiadores e outros exigindo que Netanyahu fizesse mais para negociar a libertação de cerca de cem reféns ainda mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza.
Os depoimentos de Netanyahu estão marcados para ocorrer três vezes por semana, seis horas por dia, ao longo de várias semanas. Isso significa que, enquanto Israel segue com as ofensivas no enclave palestino, bombardeia alvos militares na Síria e monitora o acordo de cessar-fogo no Líbano, seu líder estará no banco dos réus em Tel Aviv.
O premier e sua equipe tentaram repetidamente adiar as audiências, enquanto opositores recorreram à Suprema Corte para declará-lo “incapacitado” para governar durante o julgamento. Ambos os esforços fracassaram, simbolizando a profunda divisão em torno dos casos.
Entenda os casos:
Caso 4000
Os promotores alegam que Netanyahu concedeu favores regulatórios no valor de cerca de 1,8 bilhão de shekels, cerca de US$ 500 milhões, à Bezeq Telecom Israel.
Em troca, a acusação afirma que ele buscou cobertura positiva de si mesmo e de sua esposa Sara em um site de notícias controlado pelo ex-presidente da empresa, Shaul Elovitch. Neste caso, Netanyahu foi acusado de suborno, fraude e quebra de confiança.
Caso 1000
Netanyahu foi acusado de fraude e quebra de confiança por alegações de que ele e sua esposa receberam indevidamente quase 700 mil shekels, cerca de US$ 210 mil, em presentes de Arnon Milchan, um produtor de Hollywood e cidadão israelense, e do empresário bilionário australiano James Packer.
Os promotores disseram que os presentes incluíam champanhe e charutos e que Netanyahu ajudou Milchan com seus interesses comerciais. Packer e Milchan não enfrentam acusações.
Caso 2000
Netanyahu negociou um acordo com Arnon Mozes, dono do jornal israelense Yedioth Ahronoth, para melhor cobertura em troca de uma legislação para desacelerar o crescimento de um jornal rival. Netanyahu foi acusado de fraude e quebra de confiança.