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Adeus ao Vampiro de Curitiba: Dalton Trevisan morre aos 99 anos

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Adeus ao Vampiro de Curitiba: Dalton Trevisan morre aos 99 anos

 

Agraciado com o Prêmio Camões, o contista era considerado um dos mais geniais autores de língua portuguesa.

 

Morre o escritor Dalton Trevisan, aos 99 anos Foto Reprodução/ Instagram

O escritor Dalton Trevisan, conhecido como “O Vampiro de Curitiba”, faleceu nesta segunda-feira (9), aos 99 anos, na capital paranaense. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná e pela família em redes sociais. A causa da morte não foi divulgada.

“Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é. Dalton Trevisan faleceu hoje, 09 de dezembro de 2024, aos 99 anos”, destacou a publicação, referindo-se ao apelido do autor e ao livro “O Vampiro de Curitiba”, de 1965. Não haverá velório, e o corpo será cremado no Crematório Vaticano, em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba.

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Uma vida de reclusão e genialidade

Dalton Trevisan era conhecido por sua aversão a entrevistas e pela vida extremamente reservada. Desde os anos 1970, poucas pessoas tiveram acesso ao escritor, que se mudou de sua icônica casa na esquina das ruas Ubaldino do Amaral e Amintas de Barros, no Alto da Glória, em 2021. A mudança, motivada por questões de saúde e segurança, levou-o a um apartamento no Centro de Curitiba.

“Sua reclusão contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea”, declarou a Secretaria de Cultura do Paraná. Dalton retratava com precisão as angústias e as contradições da vida urbana, dando voz aos marginalizados e transformando as ruas de Curitiba em personagens vivos de sua obra.

Um legado imortal

Dalton Trevisan nasceu em Curitiba, em 14 de junho de 1925, e iniciou sua carreira com “Sonata ao Luar”. Alcançou projeção nacional com “Novelas Nada Exemplares” e consolidou seu lugar na literatura brasileira com “O Vampiro de Curitiba”. Sua obra inclui clássicos como “A Polaquinha”, “Cemitério de Elefantes” e “A Guerra Conjugal”.

Reconhecido por sua escrita concisa e impactante, Dalton recebeu prêmios como o Jabuti, o Portugal Telecom e o Camões. No entanto, não comparecia às cerimônias de premiação, mantendo-se fiel à sua postura discreta.

Retrato de uma lenda

Um dos raros registros fotográficos de Dalton foi feito em 2007 pelo fotógrafo Alberto Viana, que capturou o escritor caminhando pela Rua XV de Novembro, em Curitiba. Viana relembrou o momento como uma coincidência, retratando o autor em seu trajeto habitual para casa.

Dalton era também conhecido por sua relação com a Revista Joaquim, que fundou em 1946 e utilizou como trincheira para criticar o “paranismo beletrista” da época. A publicação marcou a literatura nacional e abriu caminho para sua carreira como contista.

Despedida de um ídolo

Com a morte de Dalton, Curitiba se despede de um de seus maiores ícones literários. Para o Carnaval de 2025, a escola de samba Unidos do Belvedere, da Academia Paranaense de Letras, planeja homenageá-lo com o enredo “Os Cem Anos do Vampiro”.

Trevisan deixa netas, amigos, e gerações de escritores influenciados por sua obra. “O autor não vale o personagem. O conto é mais importante que o contista”, afirmou certa vez. Hoje, o Brasil celebra a imortalidade de sua literatura.

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