Sem categoria

PGR avalia pedido de extinção do PL por ligação com atos golpistas

Spread the love

PGR avalia pedido de extinção do PL por ligação com atos golpistas

 

Pedido de André Janones menciona o Código Civil, a Constituição e a Lei dos Partidos, que obrigam o respeito a princípios como soberania nacional e Estado de Direito

 

Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro em evento do PL. Foto: Beto Barata/ PL.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA), na segunda-feira (2), um pedido de extinção do Partido Liberal (PL), apresentado pelo deputado federal André Janones (Avante-MG). A solicitação aponta suposta ligação da legenda, à qual pertence o ex-presidente Jair Bolsonaro, com atos extremistas, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023 e um atentado a bomba em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) ocorrido no mês passado.

O documento foi assinado pelo chefe de gabinete da PGR, Carlos Fernando Mazzoco, e será analisado pela força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), composta por nove procuradores. O grupo foi instituído durante a gestão do ex-procurador-geral Augusto Aras para lidar com denúncias relacionadas aos ataques antidemocráticos.

Justificativa do pedido

Na petição, Janones argumenta que a extinção do PL é necessária para “proteger o regime democrático brasileiro”, citando que o partido teria desviado de sua finalidade pública ao atacar instituições democráticas. Ele menciona artigos do Código Civil, da Constituição Federal e da Lei dos Partidos Políticos que obrigam as legendas a respeitar princípios como soberania nacional e o Estado de Direito.

“O apoio a discursos de descrédito institucional, culminando em atos de violência, demanda uma intervenção enérgica para preservar a estabilidade do Estado Democrático de Direito”, escreveu Janones. O pedido também relaciona a sigla ao atentado a bomba no STF, apontando que o autor do ataque, Francisco Wanderley Luiz, foi candidato a vereador pelo PL em 2020.

Indiciamentos e investigações em curso

O PL está no centro das investigações da Polícia Federal (PF) sobre os atos de 8 de janeiro e a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, quando Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, estão entre os 37 indiciados pela PF por suposta participação nos ataques e em planos de atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

A PF também investiga a apresentação de uma representação eleitoral do PL que buscava invalidar votos de determinados modelos de urnas após as eleições de 2022. Segundo o relatório, a ação tinha como objetivo incitar as Forças Armadas a apoiar uma ruptura institucional.

A assessoria do PL informou que o tema está sob análise de sua equipe jurídica e que o partido se pronunciará após a avaliação. O GCAA terá a tarefa de revisar tanto a petição de Janones quanto as 884 páginas do relatório da PF sobre os atos golpistas.

A análise jurídica sobre a possível extinção de um partido político com base em atos antidemocráticos é sem precedentes na história recente do Brasil e poderá abrir um novo capítulo nas discussões sobre responsabilização de lideranças e organizações por ataques ao regime democrático.

Autor