Tentativa de envenenamento “não deu certo e estou aqui”, diz Lula
Tentativa de envenenamento “não deu certo e estou aqui”, diz Lula
Ao lançar programa para agilizar obras e concessões em rodovias, presidente fala do plano de golpe feito por bolsonaristas prevendo seu assassinato, o de Alckmin e o de Moraes
Publicado pelo Portal Vermelho
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou, nesta quinta-feira (21), sobre o plano de golpe de Estado — elaborado por bolsonaristas, com a participação de militares — para matá-lo, juntamente com seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes, no final de 2022. “Tenho que agradecer, agora muito mais, porque estou vivo. A tentativa de envenenar a mim e ao Alckmin não deu certo e estou aqui”, declarou.
A fala ocorreu durante a cerimônia de apresentação do Programa de Otimização de Contratos de Concessão Rodoviária, realizada no Palácio do Planalto, que prevê investimentos de R$ 110 bilhões em infraestrutura de transporte rodoviário entre 2024 e 2026.
Na ocasião, Lula disse, ainda: “não quero envenenar ninguém, eu não quero perseguir ninguém. A única coisa que eu quero é que, quando terminar o meu mandato, a gente desmoralize com números aqueles que governaram antes de nós. Eu quero medir com números quem fez mais escola, quem cuidou dos mais dos pobres, quem fez mais estradas, mais pontes, quem pagou mais salário mínimo nesse país, é isso que eu quero medir porque é isso que conta no resultado da governança”.
Lula salientou que “é esse país, companheiros, sem perseguição, sem o estímulo do ódio, sem o estímulo da desavença que a gente precisa construir”.
A fala foi a primeira feita pelo presidente em evento público sobre os mais recentes desdobramentos das investigações da Polícia Federal sobre o plano golpista, que culminou no 8 de janeiro de 2023.
Durante a Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira (19) e que prendeu cinco pessoas, das quais quatro militares, um dos detidos afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria dado aval para um plano golpista, que deveria acontecer até 31 de dezembro de 2022, véspera da posse de Lula.
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O presidente também lembrou que quando ainda disputava as eleições, dizia que um de seus desejos era o de “trazer o Brasil à normalidade, à civilidade democrática em que a gente faz as coisas da forma mais tranquila possível, sabendo que você tem adversários políticos, ideológicos, mas sabendo também que, de forma civilizada, você perde e ganha, você consegue fazer uma coisa, e de outra vez, não consegue”.
Outro ponto destacado por Lula foram as vitórias obtidas pelo Brasil durante a reunião do G20, ocorrida nesta semana, sob a presidência brasileira, no Rio de Janeiro.
Lula pontuou que o consenso conquistado sobre temas como o combate à fome, a governança global e a taxação dos super-ricos, por exemplo, só foi possível devido ao diálogo respeitoso entre as nações. “Pela primeira vez na história deste país, a gente pautou os problemas da sociedade — aquela parte que é tratada como invisível porque ninguém lembra de quem está com fome a não ser na época da eleição. Esse assunto foi para a pauta para que a gente discutisse, entre os governos mais importantes do mundo, a questão da fome e da pobreza. Afinal de contas, são 733 milhões de pessoas que, em todo o mundo, vão dormir sem ter tido o que comer”, explicou.
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Ao falar da taxação dos super-ricos, Lula argumentou: “são 2% (de tributação) de 3 mil pessoas que detêm uma fortuna de US$ 15 trilhões. Certamente, essa gente não vai sentir nada tirando 2% do seu dinheiro”.
Concessão
O Programa de Otimização de Contratos de Concessão Rodoviária prevê investimentos de R$ 110 bilhões em infraestrutura de transporte rodoviário entre 2024 e 2026, por meio da melhoria de contratos de concessões que tenham performances insatisfatórias e que apresentam defasagens técnicas e financeiras. Conforme levantamento do Ministério dos Transportes, há obras nessa situação paradas desde os anos 1990.
Segundo explica o governo, ao contrário de uma relicitação, a otimização permite o início das novas obras em até 30 dias após a assinatura dos termos aditivos e o reajuste da tarifa de pedágio ocorre somente após a entrega das obras. Isso mediante o aproveitamento de projetos já existentes e licenciamentos válidos, só que de forma atualizada. Do contrário, seria preciso aguardar o término dos contratos vigentes para realizar novas licitações.
Ainda de acordo com o governo, a previsão é que essas ações resultem em mais de 1,5 mil quilômetros de duplicações, sendo 436,9 quilômetros entre 2024 e 2026.
Além disso, 849,5 quilômetros de faixas adicionais estão previstas, sendo 209,6 quilômetros entre 2024 e 2026. Também fazem parte do programa 19 Pontos de Parada e Descanso (PPD) para caminhoneiros. Os cálculos apontam que as obras podem gerar 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos.
Ao falar sobre o tema, o presidente pontuou: “Queremos fazer concessão não para o Estado adquirir dinheiro e investir em outra obra, mas para que o beneficiário da concessão seja o usuário”.
Lula acrescentou que o Estado “deve ter consciência de que não pode fazer tudo, não tem dinheiro para fazer tudo, então, ele deve atrair, da forma mais civilizada possível, os recursos privados para fazer aquela obra em que o empresário ganha a sua parte, o usuário ganha a sua parte e o Estado fica feliz por cumprir com a função de ser o indutor dessa boa prática política”.