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Queimadas na Amazônia aumento em 60% nas emissões de CO2

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Queimadas na Amazônia aumento em 60% nas emissões de CO2

 

Observatório do Clima diz que é quase o que a Noruega emite por ano. Entre junho e agosto de 2024, foram queimados na região 2,4 milhões de hectares de vegetação

 

Combate aos incêndios florestais na Amazônia (Foto: Vinícius Mendonça/Ibama)

O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que integra o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), calcula que, entre junho e agosto de 2024, as queimadas na Amazônia causaram a emissão de 31,5 milhões de toneladas de CO2.

Comparado ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 60% na emissão de gases do efeito estufa na região.

De acordo com o Observatório do Clima, é quase o que a Noruega emite por ano (32,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente).

No período, foram queimados 2,4 milhões de hectares de florestas, campos e pastagens.

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A situação é preocupante. Pois essas emissões significativas de CO2 desaceleram o que o país tem conseguido mitigar com a redução do desmatamento.

Em agosto, por exemplo, o governo divulgou que a área de alertas de desmatamento em 2024 na Amazônia Legal foi a menor já medida pelo sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“O registro apontou 4.315 km², uma queda de 46% em relação ao ano passado. O dado indica que a taxa oficial de desmate, que será anunciada em novembro, poderá apresentar a segunda queda consecutiva de desmatamento na terceira gestão de Lula”, lembra a pesquisadora do Ipam Bárbara Zimbres.

Para ela, outro problema é que os impactos a longo prazo de queimadas tão intensas não são totalmente claros.

“Há o risco de entrarmos num círculo vicioso de secas mais severas, incêndios mais intensos e aumento da mortalidade de árvores que, por sua vez, retroalimentam os estoques de combustível disponíveis para eventos de fogo futuros”, lamenta.

Continuidade

O Instituto destaca que as emissões continuam após o fim do fogo devido à decomposição da vegetação atingida.

Estima-se que, nos próximos 5 a 10 anos, mais de 2 a 4 milhões de toneladas de CO2 equivalente poderão ser emitidas por essa razão.

“Um importante impacto dos incêndios florestais nas emissões não ocorre no momento em que a floresta está queimando, mas depois, quando principalmente as grandes árvores morrem e continuam a emitir CO2 por muitos anos, o que é chamado de emissão tardia”, explica a diretora de Ciência do Ipam, Ane Alencar.

“O pior é que uma floresta degradada pelo fogo se torna mais suscetível a outros incêndios, perpetuando um ciclo de degradação e emissões”, completa.

Camila Silva, outra pesquisadora do Ipam, diz que a floresta em pé deveria estocar carbono pelas próximas centenas de anos, mas está sendo devastadas pelo fogo e se tornando uma fonte significativa de gases de efeito estufa.

“Nos próximos anos, talvez não vejamos a fumaça, mas as emissões continuarão ali e, com elas, o aumento do aquecimento global”, observa.

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