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Queda nas pesquisas explica circo na campanha do coach de extrema direita

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Queda nas pesquisas explica circo na campanha do coach de extrema direita

 

Marçal tenta capitalizar eleitoralmente ao criar um caos na corrida para a Prefeitura de SP, tornando o sistema democrático refém de quem vive da polêmica a qualquer custo

 

Foto: Divulgação/ TV Cultura

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), em vídeo publicado neste domingo (15), após o fim do debate na TV Cultura, afirmou que o ex-coach e também candidato Pablo Marçal (PRTB) tenta capitalizar com a agressão sofrida, que Boulos classifica como injustificável.

“O Datena se descontrolou, agiu de um jeito que não deveria. Ainda que o Marçal tenha tentado capitalizar com a agressão, nada justifica a maneira como o Datena reagiu. Mas a gente tá vendo esse baixo nível que o Marçal tá propondo durante toda a campanha”, concluiu o candidato.

A cadeirada no debate aconteceu depois de uma sequência de discussões. O candidato do PRTB provocou o apresentador nos blocos anteriores ao resgatar uma denúncia de assédio sexual contra Datena e chegou o chamá-lo de “jack”, termo usado nos presídios para identificar acusados de estupro.

Datena rebateu dizendo que o caso nunca foi confirmado pela polícia e acabou sendo arquivado pela Justiça. Ainda afirmou que o fato atingiu sua família e levou à morte de sua sogra, que teve três AVCs (Acidente Vascular Cerebral).

Ao afirmar que Marçal tenta capitalizar, Boulos se refere à indústria de visualizações e engajamento nas redes do ex-coach. Do momento da cadeirada até às 12h desta segunda (16), por exemplo, o influenciador de extrema direita somou mais de 82 milhões de visualizações nos 16 reels (vídeos curtos e verticais que podem ser criados e compartilhados no Instagram) publicados pela sua equipe neste intervalo.

O número chega a ser nove vezes maior do que a soma das visualizações dos vídeos de todos os outros candidatos no mesmo período.

Para o candidato coach, a campanha eleitoral, inclusive os debates, não é momento de apresentar projetos políticos, mas de montar um circo. Marçal frequentemente apequena os debates ao destilar ataques de cunho pessoal a outros candidatos e inflar assuntos que beiram o tragicômico. Tudo isso com um eloquente esvaziamento de propostas para a população paulistana.

A título de exemplo, em um dos debates Marçal disse que é “o professor mais bem pago do Brasil” ao falar do seu trabalho como coach e que é “atleta” ao falar da Cracolândia, sob risadas da plateia. “A gente vai treinar os professores. A gente precisa investir, na primeira infância, na identidade esportiva. Na Cracolândia, você não vai encontrar nenhum esportista. Eu sou atleta”, elaborou o raciocínio sem pé e nem cabeça.

A ativista feminista Manuela d’Ávila, em suas redes sociais, chamou a atenção para a movimentação nas redes de Marçal antes e depois da cadeirada. “As provocações permanentes de Pablo Marçal tem um objetivo claro: chamar a nossa atenção. Ele precisa disso. Se alimenta dessa energia”, disse.

“Na imagem 1 vocês podem ver os números de Marçal depois da cadeirada. Na imagem 2 os números antes da cadeirada. A movimentação nas redes dele estava baixa porque estávamos no breve período da campanha entre a abertura e a reta final. Um período mais frio em que debates não acontecem. Ele estava sem conseguir entregar o que desejava. No espaço grotesco armado por quem vive disso, quem acaba virando refém é o sistema democrático. Ou a justiça eleitoral age ou cenas como essas serão cada dia mais comuns”, concluiu.

A baixa movimentação nas redes sociais mencionada por d’Ávila também reflete a queda nas intenções de voto de Marçal. O último Datafolha, publicado na última quinta (12), apontou para um certo refluxo na agitação em torno do ex-coach. Após mais do que dobrar suas intenções de voto de uma pesquisa Datafolha para outra, de 10% para 22%, a campanha de Marçal sofreu um golpe ao se deparar com 19% das intenções de voto, um recuo considerável.

Mais que isso, Marçal se tornou o candidato mais rejeitado entre os paulistanos, com 44% dos entrevistados se negando a votar nele em qualquer hipótese.

Foi nesse contexto que o debate da TV Cultura ocorreu. Diante de uma queda na sua popularidade, até então meteórica, o modelo de fazer política de Pablo Marçal necessitava de um empurrãozinho. No meio do caminho, encontrou um destemperado Datena que não mediu esforços para recolocar a extrema-direita representada pelo empresário influencer no páreo de novo.

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