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Ato golpista de Bolsonaro tem menos público e pouco efeito político

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Ato golpista de Bolsonaro tem menos público e pouco efeito político

 

Somente 45 mil estiveram na Avenida Paulista (SP). Reunião bolsonarista abriu crise na disputa pela prefeitura de São Paulo com apoios difusos entre Nunes e Marçal

 

Imagem: Reprodução da Transmissão ao vivo

O ato golpista promovido pela dupla Jair Bolsonaro e Silas Malafaia, no sábado (7) na Avenida Paulista, foi um fracasso: reuniu público reduzido, teve pouco efeito político e ainda evidenciou a crise entre a extrema direita na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

De acordo com Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo, apenas 45 mil pessoas se dispuseram a ouvir o ex-presidente que está inelegível até 2030, justamente, por ataques e notícias falsas contra o sistema eleitoral. Conforme o Monitor, em uma manifestação promovida no mesmo local em fevereiro eram 185 mil pessoas. Ou seja, o apoio bolsonarista foi reduzido em um quarto ao do início do ano.

Entre as principais falas, Bolsonaro chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de ditador e pediu o seu impeachment, ainda que a proposta não tenha avançado no Senado.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve na manifestação e corroborou com o pedido de Bolsonaro sobre anistia para os presos pela tentativa de golpe do 8 de Janeiro.

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Toda essa cena foi permeada por acusações contra Moraes pela suspensão da rede social X no Brasil, após descumprimento de ordens judiciais. As pessoas que estavam no ato proferiam e portavam não só palavras de ordem contra o ministro, como também pedidos amalucados para que o dono da rede X, o bilionário Elon Musk, os ajudassem na empreitada contra o STF.

Crédito: RS via Fotos Públicas

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) – que está em terceiro nas pesquisas de intenção de voto – esteve presente para fotos, mas foi como se não estivesse lá. Ao não ser nem anunciado, todos foram poupados de alguma situação constrangedora.

Já o outro candidato que tenta roubar o apoio oficial dos bolsonaristas, Pablo Marçal (PRTB) chegou no final do ato, porém foi impedido de subiu no carro de som. Malafaia, organizador, o chamou de ‘safado’ por ir somente quando o encontro caminhava para o encerramento.

Em artigo na Carta Capital, o cientista político e professor da UFRJ Josué Medeiros, coloca que o ato fracassado representa que o ex-presidente “perde as redes e as ruas”. Para o professor, com a diminuição do público na Paulista, Bolsonaro chega mais fraco em um momento que os inquéritos que pesam contra ele avançam para um desfecho.

Além disso, na disputa que Marçal trava para capturar o bolsonarismo para si, ele já fez Bolsonaro e seus filhos recuarem em ataques nas redes, assim como deputados como Gustavo Gayer (PL-GO), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP) ficarem do seu lado.

Nas redes sociais, Marçal, que não conta com nenhum tempo de horário eleitoral gratuito contra o maior tempo disponível reservado a um candidato, o de Nunes, consegue disputar contra o prefeito pelo voto da extrema direita apenas com a campanha de redes – o que representa que ele tem avançado sobre o rol de influência antes exclusivo de Bolsonaro.

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Ao ir à manifestação somente para fazer vídeos, Marçal encontrou entre os pedidos de “Fora Xandão” e de agradecimento a Elon Musk pessoas com adereços alusivos à sua campanha. Portanto, isto é um indicativo de que na extrema direita o racha está posto, pois, mesmo com todo apoio de Bolsonaro e Tarcísio, as pessoas tem seguido quem se propõe a radicalizar ainda mais o discurso.

Como também trouxe o Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, que ainda falou com 582 pessoas presentes no ato: 75% indicaram que Marçal se identifica mais com Bolsonaro e apenas 8% acreditam que Nunes é quem fica com este posto – 13% não apontaram nenhum dos dois e 4% não responderam.