Campanha de Marçal tem irregularidades e fake news
Campanha de Marçal tem irregularidades e fake news
Candidato é acusado de calúnia por Boulos e pela AGU, e de abuso de poder econômico pelo MP Eleitoral. Ainda tem que lidar com o escândalo da ligação de seu partido com o PCC.
Publicado pelo Portal Vermelho
A campanha do influenciador digital e candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) tem sido marcada por uma série de irregularidades, incluindo acusações de disseminação de fake news, abuso de poder econômico e possíveis vínculos com organizações criminosas. As alegações têm gerado ações judiciais e críticas dos adversários políticos, colocando em xeque a integridade do processo eleitoral.
Com um histórico de declarações controversas e estratégias agressivas, Marçal tem sido alvo de diversas ações judiciais que questionam tanto a veracidade de suas afirmações quanto a legalidade de seus métodos de campanha. As candidaturas já se articulam para impedir sua “lacração” em debates, tática de tumultuar com declarações polêmicas para chamar a atenção e marcar presença.
No debate desta segunda (19), Marçal ignorou perguntas e respostas das adversárias e usou seu tempo para falar de outros assuntos e promover suas redes sociais. Ele diz que depois responde aos questionamentos em seus perfis de rede. Ele também tem sido extremamente agressivo e admite ser descontrolado nos debates. No último debate insinuaou, sem apresentar provas, que Boulos consome cocaína, ignorando decisões judiciais favoráveis ao deputado do PSOL, que obteve direito de resposta nas redes do influenciador.
Fake news e acusações infundadas
Uma das principais polêmicas envolvendo Marçal ocorreu após o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) entrar na Justiça contra o influenciador. Boulos acusa Marçal de disseminar informações falsas durante uma entrevista ao podcast “Os Sócios”, na qual o ex-coach alegou, sem provas, que o parlamentar cobra aluguel de famílias em situação de vulnerabilidade atendidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Marçal afirmou que Boulos administra a “maior imobiliária irregular” de São Paulo, uma acusação que a defesa de Boulos classificou como “mentiras absurdas e acusações gravíssimas”. O deputado lidera o movimento há mais de 20 anos e busca uma indenização de R$ 50 mil por danos morais e a remoção da entrevista da internet sob pena de multa. A ação reforça o caráter perigoso das fake news na atual campanha, levantando preocupações sobre o impacto dessas mentiras na percepção do eleitorado.
Além das disputas com adversários políticos, Marçal também enfrenta uma ação judicial movida pela Advocacia-Geral da União (AGU). O órgão acusa o candidato de disseminar desinformação sobre a atuação das Forças Armadas durante a tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Em vídeos publicados nas redes sociais, Marçal alegou que os militares estavam inertes diante da catástrofe, o que foi prontamente desmentido pela AGU, que destacou o envolvimento ativo das Forças Armadas na região desde o início da crise.
A AGU solicitou que Marçal publique um direito de resposta em suas redes sociais, corrigindo as informações falsas disseminadas, destacando a gravidade do caso pelo alcance de Marçal nas plataformas digitais. A defesa de Marçal acusa a AGU de censura sobre seu “direito de opinar”.
Suspeitas de abuso de poder econômico
Outra frente de problemas para a campanha de Marçal é uma ação do Ministério Público Eleitoral (MPE) de São Paulo, que pede a suspensão de sua candidatura por suspeita de abuso de poder econômico. Segundo o MPE, Marçal teria utilizado recursos financeiros não declarados para impulsionar sua campanha nas redes sociais, em troca de recompensas financeiras a colaboradores e simpatizantes, uma prática proibida pela legislação eleitoral.
O MPE também solicitou a quebra dos sigilos fiscal e bancário das empresas de Marçal para aprofundar as investigações. A falta de transparência nos recursos utilizados na campanha é vista como um desequilíbrio no pleito, violando a igualdade de condições entre os candidatos. Em sua defesa, o candidato negou as acusações e classificou a ação como uma manobra política de seus adversários.
Vínculos com crime organizado
A campanha de Marçal também foi atingida por suspeitas de vínculos do PRTB, partido ao qual é filiado, com o Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa paulista. O presidente nacional do partido, Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, foi acusado de ter conexões com a facção criminosa. Um áudio divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, atribuído a Avalanche, revelou conversas que sugerem esses vínculos.
No áudio, Avalanche supostamente afirma ter vínculos com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o que levantou ainda mais questionamentos sobre a integridade da campanha de Marçal. Embora o candidato tenha minimizado as acusações, comparando-as com outros casos envolvendo líderes partidários, as suspeitas lançam uma sombra sobre sua candidatura. Avalanche nega as acusações, alegando que a gravação é falsa. A situação tem sido explorada por adversários de Marçal durante os debates eleitorais.
Repercussão e reações
As campanhas dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, como o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos, têm adotado estratégias para minimizar o impacto das táticas de Marçal. Eles evitam participar de debates cujas regras favoreçam seu comportamento controverso como a apresentação de objetos durante o debate, que é uma regra proibitiva. Ambos criticaram publicamente o estilo agressivo e a disseminação de fake news por parte do candidato do PRTB, chegando a sugerir que a Justiça Eleitoral seja mais rigorosa no combate à desinformação.
Diante dessas acusações, Pablo Marçal tem adotado uma postura desafiadora, ironizando as ações judiciais e acusando seus adversários políticos de tentarem barrar sua ascensão. No entanto, as implicações legais e a crescente desconfiança sobre sua conduta podem representar um obstáculo significativo para sua campanha.
Com a eleição se aproximando, a batalha judicial e as denúncias de irregularidades continuam a se acumular, gerando incertezas sobre o futuro da candidatura de Marçal e colocando em evidência os desafios da desinformação no processo eleitoral. A resposta da Justiça Eleitoral e a reação do eleitorado a essas controvérsias serão decisivas para o desfecho dessa disputa acirrada.