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Em menos de 24 horas, Israel mata líder do Hamas em Teerã e bombardeia Beirute

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Em menos de 24 horas, Israel mata líder do Hamas em Teerã e bombardeia Beirute

 

Escalada de Netanyahu e da extrema-direita israelense é resposta a um bombardeio nas Colinas de Golã e pode jogar a região num conflito regional nos próximos dias

 

Foto: Reprodução

O governo de extrema-direita de Israel em menos de 24 horas lançou dois ataques que podem escalar o conflito no Oriente Médio para uma guerra regional. A Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC, na sigla em inglês) e o Hamas confirmaram, nesta quarta (31), a morte do líder do gabinete político do grupo palestino, Ismail Haniyeh, em um bombardeio israelense em Teerã, capital do Irã, horas após a posse do novo presidente do país, Masoud Pezeshkian.

Na terça (30), as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) confirmaram um outro ataque a capital do Líbano, Beirute, em um bombardeio aéreo que tinha como alvo o comandante do Hezbollah, Muhsin Shukr. Israel atribui ao grupo islâmico xiita, que atua no sul do Líbano, um ataque nas Colinas de Golã, ocupadas pelo Estado judeu, que deixaram 10 crianças mortas em um campo de futebol. O Hezbollah nega ser autor da investida.

O bombardeio israelense em Teerã que assassinou Haniyeh ocorreu na madrugada, às 2 horas do horário local (19h30 do horário de Brasília), poucas horas após o novo presidente do país persa tomar posse.

O ataque é considerado uma humilhação para o Irã, uma vez que Haniyeh era tratado como um chefe de Estado e estava na primeira fila no evento da posse —quase ao lado do representante do Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

“O regime sionista criminoso e terrorista martirizou nosso querido hóspede em nosso território e causou nossa dor, mas também preparou o terreno para uma punição severa”, escreveu o líder supremo iraniano na rede social X. “Após este evento amargo e trágico que ocorreu dentro das fronteiras da República Islâmica, é nosso dever buscar vingança”.

O ministro da Defesa diz que Israel, Yoav Gallant, prefere evitar uma guerra, mas que está “preparado para todas as possibilidades”. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocará nas próximas horas o gabinete de segurança enquanto aumentam as ameaças de vingança após o assassinato de Haniyeh.

Um porta-voz do governo israelense se recusou a comentar a morte do líder político do Hamas. “Não estamos comentando esse incidente em particular”, disse David Mencer em entrevista coletiva a jornalistas.

O assassinato, “um ataque traiçoeiro sionista”, é um “ato covarde que não ficará impune”, disse um líder do Hamas, Moussa Abu Marzouk.

O Hamas ainda possui mais de 100 reféns do 7 de outubro em mãos e o processo de cessar-fogo entre Hamas e Israel deve ser paralisado, se não totalmente suspenso. Netanyahu vem sendo alvo de protestos semanais por não ter conseguido concluir a missão de trazer os reféns de volta para suas casas.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou o assassinato, que qualificou como um “ato covarde”, e instou os palestinos a se manterem unidos contra Israel. Há uma semana, sua facção política, o Fatah, assinou um acordo de reconciliação com o Hamas em Pequim.

O Hezbollah, por sua vez, expressou condolências após a morte de Haniyeh e afirmou que o atentado tornará os grupos alinhados ao Irã mais determinados a confrontar Tel Aviv.

A China disse estar preocupada. “Nós nos opomos firmemente e condenamos este assassinato”, afirmou um porta-voz da diplomacia chinesa, Lin Jian, em uma entrevista coletiva.

A Rússia alertou para possíveis consequências do ataque na região. “Trata-se de um assassinato político totalmente inaceitável que provocará uma nova escalada de tensões”, disse o vice-ministro russo de Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, à agência estatal de notícias RIA Novosti.

Israel bombardeia Beirute

As Forças de Defesa de Israel atacaram na tarde desta terça (30) um edifício do Hezbollah em Beirute, a capital do Líbano. O alvo era o chefe operacional do grupo islâmico, Muhsin Shukr que, segundo o Estado judeu, foi morto. O Hezbollah confirmou que Shukr estava no edifício, mas não mencionou morte.

A ação foi uma retaliação para “alvejar o comandante responsável pelo assassinato de crianças em Majdal Shams e de numerosos civis israelenses”, disseram os militares em seu canal no Telegram. O ataque no sábado (27) foi atribuído por Israel ao Hezbollah, que negou a autoria e jogou a culpa para o sistema de defesas antiaérea do Estado judeu.

Segundo a imprensa americana, a Casa Branca apelou a Netanyahu para que evitasse inclusive atacar alvos em Beirute, mesmo tendo a autorização para uma operação de vingança dada pelo seu gabinete de guerra.

O Hezbollah é um grupo muito mais poderoso militarmente do que o Hamas, tendo sido fundado pelo próprio Irã em 1982 nos campos de refugiados xiitas do sul libanês, então sob invasão israelense.

 

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