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Roubo de joias: explicações de Bolsonaro não se sustentam frente às provas, diz PF

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Roubo de joias: explicações de Bolsonaro não se sustentam frente às provas, diz PF

Investigadores veem contradições e fragilidades em justificativas dadas sobre desvio de joias do acervo presidencial. “Bolsonaro, o arauto da moralidade, é um corrupto”, dispara Gleisi Hoffmann

Site do PT / IA

Encalacrado: Para a PF, as declarações de Bolsonaro “não condizem com a realidade dos fatos”

As explicações dadas por Jair Bolsonaro (PL) sobre o desvio das joias de alto valor pertencentes ao acervo público da Presidência da República não convenceram a Polícia Federal (PF). No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, os investigadores apontam uma série de contradições do capitão da extrema direita. A PF indiciou Bolsonaro por entender que ele incorreu em associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos (peculato).

As autoridades policiais argumentam que o ex-presidente mentiu ao indicar ter guardado joias na fazenda do ex-piloto Nelson Piquet. Além disso, versões contraditórias a respeito de um dos relógios que recebeu e da apreensão de brilhantes no Aeroporto de Guarulhos (SP), pela Receita Federal (RF), comprometem ainda mais o extremista de direita nas investigações. O Ministério Público (MP) decide agora se apresenta denúncia contra ele, se pede novas diligências ou se arquiva o caso. Outros 11 aliados do ex-presidente também foram indiciados.

Em vídeo no canal da TvPT no You Tube, a presidenta Nacional do PT Gleisi Hoffmann classificou o caso como gravíssimo. Assista ao vídeo:

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Em depoimento, o capitão disse que algumas das joias, incluindo um kit da marca suíça Chopard, haviam ficado em um depósito concedido por Piquet, onde, supostamente, estaria parte do acervo de presentes que recebeu durante o mandato (2018-2022). Entre os acessórios pessoais de luxo, constavam um relógio, um anel, um par de abotoaduras e um masbaha (relevante símbolo da cultura islâmica).

Para a PF, as declarações de Bolsonaro “não condizem com a realidade dos fatos”. As autoridades policiais sustentam que ele transportou o kit da Chopard para a Flórida, nos Estados Unidos, antes de concluir o mandato, em 30 de dezembro de 2022, e que o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, estava encarregado de vendê-lo, mas não concluiu a transação.

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“As afirmações foram prestadas com o objetivo de esconder das autoridades, naquele momento, que os bens foram ilegalmente para o exterior para serem vendidos”, rechaçou o relatório da PF.

Da monarquia da Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu também um Patek Philippe, mas disse não reconhecer a existência do relógio suíço. Em mensagens por aplicativo reunidas pela PF, entretanto, o ex-presidente chegou a enviar imagens do presente a Cid, juntamente com o certificado da peça.

Personagem-chave

Personagem-chave no escândalo das joias, o ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República (GADH), Marcelo Vieira, admitiu, em áudio obtido pela PF, que administrava o acervo presidencial segundo os interesses privados de Jair Bolsonaro. “Tem que ver qual é o desejo do presidente, que isso vire acervo ou não”, afirma Vieira.

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No depoimento prestado em 12 de abril de 2023, o ex-chefe do GADH alegou, contudo, que sua gestão seguiu critérios técnicos e que o “gosto do presidente” não era levado em consideração na análise dos presentes, tampouco o “valor econômico” deles.

“O declarante quer deixar claro que não se entrava no mérito sobre as características de gênero, valor econômico, gosto do presidente ou qualquer outro aspecto subjetivo, pois se a indicação era que o presente era destinado ao presidente da República e não se incluía nas condições de que deveria ser considerado integrante do acervo público, ele era considerado do seu acervo privado presidencial”, defende-se.

Apreensão em Guarulhos

Por sua vez, o ex-secretário da RF Julio Cesar Vieira Gomes contou à PF que Bolsonaro o procurou, por duas vezes, para tratar da apreensão em Guarulhos. Em 21 de junho de 2021, uma comitiva liderada pelo ex-presidente desembarcou em São Paulo portando joias estimadas entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões. O conjunto de brilhantes era composto por um colar, um anel, um relógio e um par de brincos da Chopard.

No primeiro contato com Vieira Gomes, Bolsonaro lhe perguntou se detinha informações sobre o caso. O funcionário da RF respondeu que não, mas que “iria pesquisar”. Na segunda, dois dias depois, o capitão o questionou sobre o resultado da apuração. De acordo com as investigações, os dados levantados pelo ex-secretário seriam repassados a Cid. Vieira Gomes e o tenente-coronel, ambos indiciados no escândalo das joias, pretendiam “recuperar os bens” retidos, segundo mensagens interceptadas pela PF.

“Ao final da reunião, o presidente da República questionou ao declarante (Julio Cesar Vieira Gomes) se tinha ciência de alguma apreensão da Receita Federal decorrente de uma viagem para Arábia Saudita”, descreve o relatório enviado ao STF.

Bolsonaro corrupto

Por meio do “X”, Gleisi Hoffmann tachou Bolsonaro de “corrupto”. Gleisi lembrou da covardia do extremista de direita, que fugiu do país enquanto seus apoiadores promoviam destruição na Praça dos Três Poderes.

 

“Depois da tentativa frustrada de golpe de Estado, Bolsonaro fugiu para os Estados Unidos e transferiu quase todo seu recurso financeiro para um banco no exterior, mas bancou as despesas dele e da família com dinheiro em espécie, por meio da venda das joias desviadas”, publicou a presidenta do PT.

“Nunca foi sobre Deus, pátria ou família. Sempre foi por dinheiro. Isso precisa ser denunciado: Bolsonaro, o arauto da moralidade, é um corrupto”, concluiu.

Da Redação, com Folha de S.PauloO GloboUOL, Poder360