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Claudia Sheinbaum: primeira mulher presidente do México?

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Claudia Sheinbaum: primeira mulher presidente do México?

 

Candidata do Morena lidera pesquisas e pode fazer história em eleição marcada pela violência e apoio popular às políticas sociais de López Obrador.

 

Claudia Sheinbaum | Foto: Yuri Cortez/AFP/Getty Images

Neste domingo (02), o México se prepara para uma eleição histórica que pode levar a candidata progressista Claudia Sheinbaum à presidência. Aos 61 anos, Sheinbaum, do partido Morena, é amplamente apontada como a favorita, com pesquisas de opinião indicando entre 52% e 60% das intenções de voto. Esta eleição não só marca a potencial reeleição do partido no poder, mas também pode ser um evento singular no cenário pós-pandemia, dada a crise sanitária global.

Violência

A campanha eleitoral deste ano foi intensamente marcada pela violência dos cartéis de drogas. O Seminário Sobre Violência, um grupo de estudos ligado à universidade El Colégio de México, contabilizou a morte de 30 candidatos durante a campanha, sendo 73% deles candidatos a prefeituras.

Claudia Sheinbaum destacou a redução da taxa de homicídios durante seu mandato como prefeita da Cidade do México, de 16 homicídios por 100 mil habitantes em 2018 para 8 homicídios por 100 mil habitantes em 2022. “Conquistamos a taxa mais baixa de homicídios desde 1989. Agora a Cidade do México se encontra entre as sete entidades com menos homicídios por 100 mil habitantes”, afirmou Claudia em uma rede social, destacando seu sucesso em reduzir a violência na capital mexicana durante sua gestão.

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Waldir Rampinelli, professor de história da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ressalta que a violência nas eleições mexicanas é uma herança da Revolução Mexicana de 1910 e do controle exercido pelos cartéis de drogas. “As eleições no México costumam ser violentas. É uma herança histórica e um reflexo do poder dos cartéis”, afirmou o professor.

Políticas Sociais

A popularidade de Claudia Sheinbaum é, em grande parte, atribuída ao sucesso das políticas sociais do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador (AMLO). Obrador, que deve fazer sua sucessora, implementou programas como a ajuda mensal para idosos, o que lhe rendeu grande apoio popular. “Ele criou uma espécie de ajuda mensal para os idosos. Todo idoso, tenha contribuído ou não à previdência, recebe uma quantia. Eu conheço pessoas que, se não recebessem essa quantia, passariam fome. Isso salva totalmente essas pessoas. Elas não gostam do López Obrador, elas adoram”, afirmou Rampinelli.

Relações Internacionais

As relações entre México e Estados Unidos são um ponto crucial da eleição. O pesquisador Mario Farid Reyes Gordillo, doutorando em estudos latino-americanos na UNAM, destacou que a dependência econômica do México em relação aos EUA é um desafio constante. “Se o Trump ganha nos Estados Unidos, complica mais ainda a vida dela. Morrem no ano passando na fronteira, só de mexicanos, mais de 500 pessoas. É a região mais perigosa do mundo. Compare com o muro de Berlim, que morreram 800 pessoas em 30 anos tentando passar”, lembrou.

Mulheres

O movimento feminista ganhou força nos últimos anos sob o governo de López Obrador, influenciando diretamente a agenda das candidatas. “Como as duas principais candidatas são mulheres, há um certo peso dessa agenda. O movimento feminista, o movimento de mulheres, durante todo os seis anos de López Obrador, teve muita participação política. Isso deve fazer com que muitas mulheres saíram para votar nessa eleição”, afirmou Gordillo.

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Rampinelli destacou que esta é uma situação inédita, já que nunca uma mulher venceu a eleição presidencial no México. “O México seguramente é o país mais machista da América Latina e a Claudia se impôs como uma grande prefeita da cidade do México. Com o governo do López Obrador, ela cresceu. E o López também não teve outra saída a não ser indicá-la. Era a candidata que mais chance tinha de ganhar”, comentou.

México e Brasil

Com uma população de quase 130 milhões de habitantes, o México possui a segunda maior economia da América Latina, atrás apenas do Brasil. Em 2023, a economia mexicana cresceu 3,2%, marcando o segundo ano consecutivo de crescimento acima dos 3%. A taxa de pobreza caiu significativamente, de 43,9% em 2020 para 36,3% em 2022, retirando 8,8 milhões de mexicanos da pobreza.

As relações comerciais entre Brasil e México têm se fortalecido, com as exportações brasileiras crescendo 74% entre 2019 e 2023, apesar da pandemia. As importações brasileiras de produtos mexicanos também aumentaram, totalizando US$ 5,5 bilhões em 2023, um crescimento de 4,9% em relação a 2022.

 

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