Musk ignorou relatores da ONU sobre difusão do ódio em sua rede
Musk ignorou relatores da ONU sobre difusão do ódio em sua rede
Mais de 20 integrantes de diversas relatorias das Nações Unidas chamaram atenção, em carta, sobre os riscos que o X oferece aos direitos humanos
Publicado pelo Portal Vermelho
A índole de Elon Musk e seu desprezo pelos direitos humanos e por medidas que evitem a disseminação de preconceitos, violência e divisões em sua rede social, o X (antigo Twitter), suscitaram a preocupação de ao menos 20 mecanismos e relatorias da ONU. Juntos, os representantes assinaram carta sigilosa enviada em dezembro de 2022 ao empresário.
A informação foi revelada pelo colunista do UOL, Jamil Chade. Segundo ele, o documento alertava sobre o caráter deletério de grande parte das postagens e cobrava medidas para garantir que a rede social não fosse usada para difundir violência. Também o acusava de “executar um desmonte das operações de moderação de publicações” e “denunciou a disseminação de violência e ódio”.
Pouco depois de Musk comprar o Twitter, em outubro de 22, e mostrar sua verve extremista e imatura, os integrantes do organismo internacional questionaram, conforme aponta Chade, como ele pretendia implementar “os princípios básicos de direitos humanos, se estava treinando seus funcionários sobre princípios básicos de direitos fundamentais” e “se medidas estavam sendo adotadas para evitar que as plataformas fossem usadas para atacar minorias e mulheres”.
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Musk, por sua vez, nunca respondeu ao questionamentos e, pelo que se vê, parece não se importar com valores humanistas e civilizacionais — o que reforça a importância de haver regras e restrições no uso das redes como forma de mitigar a disseminação do discurso de ódio e de fake news.
Segundo a carta, reportada por Chade, “foi relatado que, nos primeiros dias de sua aquisição do Twitter, o uso da palavra odiosa e racista ‘N’ na plataforma aumentou em quase 500% em um período de 12 horas em comparação com a média anterior”. A letra se refere à palavra “nigger”, que se transformou num insulto racista, lembra.
Além disso, o documento mostrava preocupação com a demissão de quase todo o departamento de supervisão de direitos humanos da plataforma e apontava para a necessidade de revisão do modelo de negócios a fim de garantir tanto a liberdade de expressão quanto o respeito aos direitos humanos.
Os relatores expressaram apreensão, ainda, com a disseminação do ódio contra mulheres, meninas, minorias e LGBTS nas redes e argumentaram que as plataformas criaram “um espaço desenfreado e fértil” para o racismo (especialmente contra pessoas de ascendência africana) e a xenofobia.
Para além das críticas, sugeriram medidas como a proibição do discurso de ódio, com observância aos preceitos da verdadeira liberdade de expressão, moderação e mecanismos de denúncia.
E pontuaram: “Lidar com o discurso de ódio não significa limitar ou proibir os direitos de participar, acessar informações, se manifestar e se mobilizar. Significa impedir que o discurso se transforme em incitação à discriminação, hostilidade ou violência, o que é proibido pelo direito internacional”.
Com informações do UOL
(PL)