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Ministra israelense afirma estar “orgulhosa das ruínas de Gaza”

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Ministra israelense afirma estar “orgulhosa das ruínas de Gaza”

 

Declaração de May Golan acontece no mesmo dia em que a principal advogada do exército de Israel emitiu alerta contra ações ilegais por tropas em Gaza

 

Foto: Reprodução

O governo da coalizão de extrema-direita liderado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, parece ter naturalizado os crimes de guerra que perpetua na Faixa de Gaza em meio à sua sobrevivência política no país.

Na mesma semana em que uma ministra disse estar “orgulhosa” da destruição no enclave, no entanto, uma advogada do alto escalão das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) emitiu um alerta aos comandantes militares contra diversas ações ilegais realizadas por tropas israelenses.

Nesta segunda (19), a ministra da Igualdade Social e Empoderamento Feminino de Israel, May Golan, afirmou em discurso que está “orgulhosa das ruínas de Gaza”. Golan é filiada ao Likud, o partido de extrema-direita ao qual também pertence Netanyahu.

A declaração ocorreu poucas horas após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticar o que classificou como “genocídio” e “chacina” em Gaza.

“Estou pessoalmente orgulhosa das ruínas de Gaza, e que todos os bebês [palestinos], mesmo daqui a 80 anos, contarão aos seus netos o que os judeus fizeram”, disse a ministra da Igualdade Social e Empoderamento Feminino de Israel.

A naturalidade com que Golan despreza as vidas humanas em Gaza, no entanto, não é novidade e nem surpresa para o expectador mais atento a vida política de Israel. Em 2013, ela ganhou fama ao denunciar refugiados africanos em Israel, chamando-os de “infiltrados muçulmanos”, criminosos e estupradores.

“Se sou racista por querer defender o meu país e por querer proteger os meus direitos básicos e a minha segurança, então sou uma racista orgulhosa”, disse ela num comício do Poder Judaico, partido de extrema-direita descendente do partido Kach, que foi proibido pelas leis antiterrorismo israelenses.

O Poder Judaico faz parte da coalizão de Netanyahu, e abriga quadros como o supremacista Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel.

Na ocasião, Golan chegou a alegar que muitos dos imigrantes têm AIDS, sugerindo que estavam espalhando o vírus HIV ao trabalharem nos restaurantes. Na época, Golan exigiu que fossem expulsos do país.

Advogada do alto escalão alerta contra abusos

Apesar da naturalização dos bombardeios e incursões militares que o governo de Netanyahu promove em Gaza, uma advogada do alto escalão da IDF apresentou aos comandantes das forças um alerta contra ações ilegais realizadas por tropas israelenses no enclave.

A major-general Yifat Tomer-Yerushalmi afirmou nesta quarta (21) ter encontrado “casos de conduta inaceitáveis”. “Encontramos casos de conduta inaceitável que se desviam dos valores e protocolos da IDF”, disse a militar.

Tomer-Yerushalmi disse que os casos incluem “declarações inapropriadas que encorajam comportamentos inaceitáveis; uso injustificado da força, inclusive contra detidos; saques, que incluem o uso ou remoção de propriedade privada para fins não operacionais; e destruição de propriedade civil contrária aos protocolos”.

“Alguns incidentes ultrapassam o domínio disciplinar e ultrapassam o limiar criminal”, alertou. “Esses atos e declarações, por parte de indivíduos que não representam o coletivo, são contrários à IDF como um exército profissional, moral e digno”, disse Tomer-Yerushalm

A tentativa de conter os crimes de guerra do exército israelense acontece em meio à uma crescente pressão internacional por um cessar-fogo, ainda que os Estados Unidos tenham vetado, nesta terça (20) uma proposta de resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) neste sentido.

Ela disse que os atos também “causam danos estratégicos ao Estado de Israel e às Forças Armadas na seara internacional, cuja gravidade é difícil de negar”.

Os alertas de Tomer-Yerushalm ocorrem um dia após o chefe do Estado-Maior da IDF, tenente-general Herzi Halevi, enviar uma carta às tropas afirmando que o exército “não está em uma onda de matança”. O comunicado do tenente-general aos subordinados ainda diz que as Forças Armadas não agem por vingança nem cometendo genocídio em Gaza.

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