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Brasil sobe o tom contra Israel e acusa governo Netanyahu de “desonestidade”

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Brasil sobe o tom contra Israel e acusa governo Netanyahu de “desonestidade”

 

Chanceler brasileiro afirma que comportamento de governo Netanyahu é “vergonhosa página da diplomacia de Israel”

 

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu de vez da defensiva na escalada da tensão diplomática promovida pelo governo de extrema-direita do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Nesta terça (20), o chanceler Mauro Vieira declarou que o comportamento do ministro das relações exteriores do Estado judeu, Israel Katz, é uma “vergonhosa página da diplomacia de Israel”. Vieira definiu como “insólito e revoltante” o comportamento da chancelaria israelense.

“Manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo. Uma Chancelaria dirigir-se dessa forma a um Chefe de Estado, de um país amigo, o Presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma Chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso a linguagem chula e irresponsável”, afirmou.

A reação de Vieira acontece após Katz utilizar as redes sociais para dizer que as declarações de Lula são uma “vergonha para o Brasil” e um “cuspe no rosto dos judeus brasileiros”.

“Estou seguro de que a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim”, completou Vieira.

No mesmo dia, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta (PT), afirmou que Katz “distribui conteúdo falso” ao distorcer as palavras do presidente Lula.

“O chanceler de Israel, Israel Katz, distribui conteúdo falso atribuindo ao presidente Lula opiniões que jamais foram ditas por ele. Em nenhum momento o presidente fez críticas ao povo judeu, tampouco negou o holocausto. Lula condena o massacre da população civil de Gaza promovido pelo governo de extrema-direita de Netanyahu, que já matou mais de 30 mil palestinos, entre eles, 10 mil crianças”, escreveu o ministro.

A reação do governo Lula acontece após Tel Aviv utilizar uma espécie de marketing de guerra para reagir a crescente pressão, tanto internacional, por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, quanto doméstica, contra Netanyahu.

Diversos membros da coalizão de extrema-direita que sustenta Netanyahu no poder foram à publico para pressionar Lula a se retratar depois que o presidente brasileiro classificou como “genocídio” e “chacina” a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques promovidos pelo Hamas no início de outubro.

Lula também comparou a guerra na Faixa de Gaza ao Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.

Desde então, Tel Aviv utiliza sua máquina de propagando de guerra para bravatear baixarias contra o governo brasileiro. Ainda nesta terça (20), a conta “Israel” da chancelaria do país, compartilhou uma publicação com a bandeira do Brasil que questionava “o que vem à sua cabeça quando pensa no Brasil?” e acrescentou o seguinte comentário: “antes ou depois de Lula negar o Holocausto?”

Mais de 30 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram assassinadas, por bombardeios ou incursões terrestres do exército israelense. Além das mortes palestinas, 134 reféns israelenses seguem no enclave árabe em meio ao fogo amigo.

Netanyahu encurralado na política doméstica

Apesar do tom inflamado na política externa, nos últimos dias, Netanyahu vem sendo alvo de protestos mais intensos por parte dos familiares de reféns mantidos pelo Hamas em Gaza.

Os familiares em luta realizam todo sábado, desde o dia 7 de outubro, data em que o Hamas deflagrou a operação “Tempestade de Al-Aqsa”, manifestações no quartel-general do exército israelense, em Tel Aviv.

Neste sábado, no entanto eles tiveram companhia do que o New York Times chamou de “a maior demonstração de raiva contra Benjamin Netanyahu em meses”. Uma das principais demandas, os manifestantes exigem eleições imediatas, que já foram negadas pelo atual líder da coalização de extrema-direita.

O primeiro-ministro estava na mira de protestos violentos por todo o país antes dos ataques do Hamas. Hoje, ele se sustenta no Poder por causa do apoio de partidos supremacista e fascista.

É o caso do ministro da Segurança Nacional, um dos líderes do Poder Judaico, principal partido da extrema-direita israelense. Antes de entrar para a política, Ben-Gvir foi condenado por crimes de incitação ao racismo e apoio a organização terrorista (ele era discípulo do rabino extremista Meir Kahane que foi banido do parlamento do país).

Ben-Gvir foi contra um acordo de cessar-fogo feito pelo Hamas, que prometeu libertar os 134 reféns. Para pressionar Netanyahu, o ministro declarou que se o primeiro-ministro concordasse com a proposta o Poder Judaico se retiraria da coalizão, o que derrubaria o governo em questões de horas.

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