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Operação da PF sepulta mais uma candidatura bolsonarista no RJ

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Operação da PF sepulta mais uma candidatura bolsonarista no RJ

 

Todas as potenciais candidaturas vislumbradas por Bolsonaro estão morrendo nas praias cariocas. A última foi a de Alexandre Ramagem. Sob seu comando, a “Abin paralela” espionou mais de 1.800 pessoas, como políticos, jornalistas e ministros do STF

 

Jair Bolsonaro (PL) está com a “síndrome do dedo podre” – e esta é uma boa notícia especialmente para os moradores do Rio de Janeiro. Em outubro, haverá eleições municipais. O ex-presidente quer usar a disputa no Rio para fazer uma demonstração de força política e eleger o sucessor do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Só que todas as potenciais candidaturas vislumbradas por ele estão morrendo nas praias cariocas, a começar pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Pesquisas já mostravam que o sobrenome Bolsonaro garantia um punhado de eleitores fiéis – mas também uma rejeição que inviabiliza a vitória. A memória dos eleitores talvez evoque que o filho 01 do ex-presidente pagou mico ao disputar a prefeitura em 2016 e passar mal durante um debate na Band. Mas isso não é o pior.

Afora o escândalo das “rachadinhas” – seu feito mais lembrado do período em que foi deputado estadual no Rio de Janeiro –, Flávio agora é acusado de ter usado um esquema paralelo e ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em proveito próprio. A Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (25), deve não só atingi-lo – mas talvez até levar o senador para a cadeia.

Outro político que figurou na lista de apostas foi o general Eduardo Pazuello, eleito eleger deputado federal pelo PL-RJ em 2022 com 205.324 votos. Pior ministro da Saúde na história do Brasil, mas bolsonarista de carteirinha, Pazuello tentou construir uma pré-candidatura.

Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro jamais levou essa hipótese a sério e chegou a deixar claro que se tratava de uma opção “ruim”. Foi mais longe: a seu ver, Pazuello não tinha “traquejo para encarar” o pleito majoritário. Era um eufemismo para evitar chamar publicamente um correligionário de “fraco”.

Alguns aliados começaram, então, a correr por fora – caso do pastor e deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), do ex-secretário estadual de Saúde e também deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ) e do senador Carlos Portinho (PL-RJ). Nenhum se consolidou.

O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro e candidato a vice-presidente em 2022, virou o preferido e estava destinado a ser ungido à missão. Ciente do desafio, o militar começou a fazer o bê-á-bá da pré-campanha: contratou equipe, começou a elaborar uma plataforma eleitoral e fez umas poucas agendas.

Mas em outubro de 2023, por cinco votos a dois, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) condenou Braga Netto a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder nos atos de 7 de setembro de 2022, feriado da Independência. Mais um caporegime da máfia bolsonarista estava fora do páreo.

Foi nesse ponto que emergiu a saída Alexandre Ramagem, delegado da Polícia Federal, comandante da Abin na gestão Bolsonaro e agora deputado federal pelo PL-RJ. Mesmo com credenciais controversas, o escolhido da vez foi bem aceito pelo eleitorado carioca mais conservador. Pesquisa AtlasIntel divulgada em 31 de dezembro o apontava na segunda colocação, com 19,1%, atrás apenas de Eduardo Paes (36,2%) e em empate técnico com o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL, 17,8%).

Ramagem, porém, foi o principal alvo da Operação Vigilância Aproximada, que contou com operações de busca e apreensão em diversos endereções relacionados ao parlamentar. Pesa contra ele a acusação de ter liderado a organização criminosa que agia à margem da lei na Abin para monitorar adversários e proteger a família Bolsonaro, sobretudo o filho 04, Renan Bolsonaro.

Entre 2019 e 2021, sob o comando de Ramagem, a “Abin paralela” espionou mais de 1.800 pessoas, como políticos, jornalistas e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal. A vigilância criminosa foi facilitada com a aquisição do sistema First Mile, pelo qual o órgão fez mais de 66 mil acessos em dois anos.

Houve aliados – do PL, de Bolsonaro e do próprio Ramagem – que tentaram (ao menos em público) relativizar o impacto da operação e falar em “perseguição”. Nos bastidores, a conclusão é outra: a operação da PF sepultou mais uma candidatura bolsonarista no Rio de Janeiro. A extrema-direita está novamente carente de opções na cidade que é o berço político do ex-presidente.

Defender o indefensável leva o ser humano a se contradizer. O presidente do PL-RJ, deputado federal Altineu Côrtes, procurou assegurar que a candidatura de Ramagem é “irreversível”, mas, minutos depois, admitiu as complicações: “Aí faz esse espetáculo todo e, depois, os assuntos não avançam, mas acabam prejudicando a imagem e a pré-candidatura. Isso não deixa de confundir o processo eleitoral”.

Antes que o cadáver eleitoral de Ramagem esfriasse, os mais afoitos se entusiasmaram. Um deles, o ainda desconhecido Carlos Portinho – que era suplente de senador e herdou o cargo em 2020, com a morte do titular, Arolde de Oliveira – correu para as redes sociais e lembrou que está à disposição do PL para concorrer a prefeito. Pegou mal, mas o fato é a corrida pelo “Plano B” (ou “C”, ou “D”) do bolsonarismo recomeçou.

 

Todas as potenciais candidaturas vislumbradas por Bolsonaro estão morrendo nas praias cariocas. A última foi a de Alexandre Ramagem. Sob seu comando, a “Abin paralela” espionou mais de 1.800 pessoas, como políticos, jornalistas e ministros do STF

 

Jair Bolsonaro (PL) está com a “síndrome do dedo podre” – e esta é uma boa notícia especialmente para os moradores do Rio de Janeiro. Em outubro, haverá eleições municipais. O ex-presidente quer usar a disputa no Rio para fazer uma demonstração de força política e eleger o sucessor do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Só que todas as potenciais candidaturas vislumbradas por ele estão morrendo nas praias cariocas, a começar pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Pesquisas já mostravam que o sobrenome Bolsonaro garantia um punhado de eleitores fiéis – mas também uma rejeição que inviabiliza a vitória. A memória dos eleitores talvez evoque que o filho 01 do ex-presidente pagou mico ao disputar a prefeitura em 2016 e passar mal durante um debate na Band. Mas isso não é o pior.

Afora o escândalo das “rachadinhas” – seu feito mais lembrado do período em que foi deputado estadual no Rio de Janeiro –, Flávio agora é acusado de ter usado um esquema paralelo e ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em proveito próprio. A Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (25), deve não só atingi-lo – mas talvez até levar o senador para a cadeia.

Outro político que figurou na lista de apostas foi o general Eduardo Pazuello, eleito eleger deputado federal pelo PL-RJ em 2022 com 205.324 votos. Pior ministro da Saúde na história do Brasil, mas bolsonarista de carteirinha, Pazuello tentou construir uma pré-candidatura.

Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro jamais levou essa hipótese a sério e chegou a deixar claro que se tratava de uma opção “ruim”. Foi mais longe: a seu ver, Pazuello não tinha “traquejo para encarar” o pleito majoritário. Era um eufemismo para evitar chamar publicamente um correligionário de “fraco”.

Alguns aliados começaram, então, a correr por fora – caso do pastor e deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), do ex-secretário estadual de Saúde e também deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ) e do senador Carlos Portinho (PL-RJ). Nenhum se consolidou.

O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro e candidato a vice-presidente em 2022, virou o preferido e estava destinado a ser ungido à missão. Ciente do desafio, o militar começou a fazer o bê-á-bá da pré-campanha: contratou equipe, começou a elaborar uma plataforma eleitoral e fez umas poucas agendas.

Mas em outubro de 2023, por cinco votos a dois, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) condenou Braga Netto a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder nos atos de 7 de setembro de 2022, feriado da Independência. Mais um caporegime da máfia bolsonarista estava fora do páreo.

Foi nesse ponto que emergiu a saída Alexandre Ramagem, delegado da Polícia Federal, comandante da Abin na gestão Bolsonaro e agora deputado federal pelo PL-RJ. Mesmo com credenciais controversas, o escolhido da vez foi bem aceito pelo eleitorado carioca mais conservador. Pesquisa AtlasIntel divulgada em 31 de dezembro o apontava na segunda colocação, com 19,1%, atrás apenas de Eduardo Paes (36,2%) e em empate técnico com o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL, 17,8%).

Ramagem, porém, foi o principal alvo da Operação Vigilância Aproximada, que contou com operações de busca e apreensão em diversos endereções relacionados ao parlamentar. Pesa contra ele a acusação de ter liderado a organização criminosa que agia à margem da lei na Abin para monitorar adversários e proteger a família Bolsonaro, sobretudo o filho 04, Renan Bolsonaro.

Entre 2019 e 2021, sob o comando de Ramagem, a “Abin paralela” espionou mais de 1.800 pessoas, como políticos, jornalistas e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal. A vigilância criminosa foi facilitada com a aquisição do sistema First Mile, pelo qual o órgão fez mais de 66 mil acessos em dois anos.

Houve aliados – do PL, de Bolsonaro e do próprio Ramagem – que tentaram (ao menos em público) relativizar o impacto da operação e falar em “perseguição”. Nos bastidores, a conclusão é outra: a operação da PF sepultou mais uma candidatura bolsonarista no Rio de Janeiro. A extrema-direita está novamente carente de opções na cidade que é o berço político do ex-presidente.

Defender o indefensável leva o ser humano a se contradizer. O presidente do PL-RJ, deputado federal Altineu Côrtes, procurou assegurar que a candidatura de Ramagem é “irreversível”, mas, minutos depois, admitiu as complicações: “Aí faz esse espetáculo todo e, depois, os assuntos não avançam, mas acabam prejudicando a imagem e a pré-candidatura. Isso não deixa de confundir o processo eleitoral”.

Antes que o cadáver eleitoral de Ramagem esfriasse, os mais afoitos se entusiasmaram. Um deles, o ainda desconhecido Carlos Portinho – que era suplente de senador e herdou o cargo em 2020, com a morte do titular, Arolde de Oliveira – correu para as redes sociais e lembrou que está à disposição do PL para concorrer a prefeito. Pegou mal, mas o fato é a corrida pelo “Plano B” (ou “C”, ou “D”) do bolsonarismo recomeçou.