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Extrema-direita dissemina vídeo fake do padre Júlio Lancellotti

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Extrema-direita dissemina vídeo fake do padre Júlio Lancellotti

 

No vídeo, um homem com as feições do padre Júlio se masturba enquanto conversa com menor de idade. Perícia confirmou que vídeo foi produzido através de Inteligência Artificial

 

Foto: Reprodução

Após tentar instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara Municipal de São Paulo, para tentar imputar crimes ao padre Júlio Lancellotti, a extrema-direita viraliza, desde sábado (20), um vídeo de um homem se masturbando enquanto conversa com um menor de idade.

A fake news criminosa foi perpetrada pela Revista Oeste, através do jornalista Edilson Salgueiro, que acusa o padre Júlio de ser o homem filmado durante o crime de pedofilia.

O vídeo, no entanto, é disseminado desde 2020 e, de acordo com especialistas, como o professor adjunto de Engenharia da Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC), Mário Gazziro, ouvido pelo Revista Fórum, as imagens foram geradas por inteligência artificial.

Padre Júlio Lancellotti é um religioso que tem dedicado sua vida ajudando os menos favorecidos e se tornou alvo constante de ataques, especialmente por parte de grupos extremistas de direita.

Sua atuação social em favor das pessoas em situação de rua tem gerado controvérsias e hostilidades. Algumas associações de moradores da região central da capital paulista criticam a presença do padre Júlio fornecendo café da manhã diariamente a partir de um centro social ligado à igreja católica. Segundo elas, as doações deixam as pessoas “mal-acostumadas”.

Grupos extremistas se aproveitam da fragilidade dos moradores da região central, que vivem em meio ao caos e o descaso das últimas gestões municipais de João Dória (PSDB), Bruno Covas (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB).

Grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) passaram a se engajar em uma campanha difamatória sistemática do pároco. Na primeira semana do ano, o vereador paulistano Rubinho Nunes (União Brasil), fundador do MBL e ex-advogado de Arthur do Val, cassado pela Alesp em 2022 após escândalo sexual na Ucrânia, conseguiu 25 assinaturas de parlamentares para abrir uma CPI como objetivo investigar a atuação de Organizações Não Governamentais (ONGs) que prestam serviços na região conhecida como Cracolândia.

Contudo, por meio das redes sociais e em entrevistas, o vereador Rubinho Nunes, principal articulador da CPI, explicitou que seu alvo principal é o padre Júlio Lancellotti.

Segundo Gazziro, a constatação do laudo de que houve montagem, edição e divulgação de material adulterado para simular uma vídeo-chamada para acusar padre Júlio de pedofilia é crime.

“Rafael Moreno, incorreu no crime de provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de notícia-crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado, com pena de detenção, de um a seis meses, ou multa”, diz o laudo.

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