Ministro da Economia de Milei afasta dolarização e fim do BC
Ministro da Economia de Milei afasta dolarização e fim do BC
Mesmo com outros planos, receituário neoliberal de Caputo pode afundar Argentina em crise maior. Futuro ministro é ligado a Macri e conhecido por ‘dívida de 100 anos’
Publicado pelo Portal Vermelho
O presidente eleito na Argentina, Javier Milei, definiu que seu ministro da Economia será Luis Caputo, o que significa nova concessão ao ex-presidente Mauricio Macri e distância dos planos de dolarizar a economia. A primeira concessão foi o nome de Patricia Bullrich como futura ministra da Segurança, cargo que ela ocupou com Macri.
Analistas já apontam que o próximo governo argentino poderá ser um “macrismo” disfarçado, uma vez que Milei, antes mesmo de assumir, já troca cargos por apoio com figuras que tanto criticou.
O nome de Caputo representa um afago ao mercado financeiro. Ele fez carreira em bancos e ocupou os cargos de secretário de Finanças, ministro da Economia e de presidente do Banco Central durante o governo de Macri.
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O presidente eleito já o criticou vorazmente por sua atuação no Banco Central. Agora o chama de “Messi das Finanças” para delírio do tal mercado que, assim como no Brasil, tenta impor suas regras e, no caso argentino, conseguiu uma vitória com a indicação de Caputo: um verdadeiro Paulo Guedes ‘hermano’.
Dívida de 100 anos
O antigo/futuro ministro é conhecido por ser o “homem da dívida de 100 anos”, quando após negociar um empréstimo de US$ 50 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), emitiu US$ 2,75 bilhões em títulos de dívida até 2117, com juros de 7,9%.
O caso elevou a dívida argentina em dólares, conforme reportagens da época. Caputo chegou a ser denunciado pela procuradoria do país – acusado pela oposição – por excesso de bônus, sendo que o governo teria emitido mais de 65 bilhões de dólares em bônus em 18 meses. Na ocasião, o deputado Carlos Heller apontou que em 16 anos os investidores recuperariam o dinheiro e teriam 84 anos só para receber juros às custas do povo trabalhador argentino.
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Além dessa situação, o nome de Caputo esteve envolvido no escândalo dos Paradise Papers, acusado de participação em empresas offshore para driblar o Imposto de Renda.
De qualquer maneira, Caputo volta a administrar a caótica economia argentina e terá que lidar com a herança nefasta que ele mesmo começou a construir e atinge uma inflação de 140%.
Dolarização
O economista, que esteve com Milei em comitiva que visitou o FMI esta semana (foto), é distante das ideias de dolarização do país. Fontes ligadas ao governo eleito dizem que o movimento está adiado, mas empresários e economistas já acreditam que esteja descartado ao observarem dificuldades em injetar dólares em um país que, justamente, sofre com a falta da moeda norte-americana.
Consequentemente, ao não dolarizar o país, a ideia de fechar o Banco Central se torna mais distante pela necessidade de controle da emissão dos pesos argentinos. No entanto, há uma semana, Milei reafirmou o seu compromisso com o fechamento do BC ao dizer que isto é “inegociável”.
Mas a esta altura a afirmação soa mais como retórica para o eleitorado do que efetivamente compromisso, após ceder ao “macrismo”.
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Assim, os efeitos do “ajuste de choque” prometido por Milei não devem acontecer pela chegada dos dólares, mas sim por meio de arrochos econômicos, com ajustes fiscais, cortes nos gastos do governo e em áreas sociais, assim como na paralisação de obras públicas.
O que tudo indica é que outro receituário neoliberal, como na época de Macri, pode aprofundar a pobreza na Argentina que atinge 40% da população, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec), equivalente ao IBGE brasileiro.
Mas tudo se colocará à prova daqui a dez dias, quando Javier Milei tomará posse na Casa Rosada.