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CPMI: Correia denuncia manobra no STF para evitar oitiva de Crivelatti

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CPMI: Correia denuncia manobra no STF para evitar oitiva de Crivelatti

André Mendonça autorizou o tenente Osmar Crivelatti a não comparecer à oitiva. Rogério Correia vê “obstrução de dois ministros terrivelmente bolsonaristas” para impedir depoimentos

Alessando Dantas

Correia: Crivelatti, assessor de Bolsonaro, movimentou R$2,7 mi desde 2021, mesmo ganhando R$ 13 mil por mês

“Eu vim para participar da CPMI, mas o homem correu! Mais um fujão, mais um típico bolsonarista. Na hora que aperta eles correm”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE) em vídeo postado em sua conta no Twitter na manhã desta terça-feira (19), quando haveria a sessão da CPMI dos Atos Golpistas para depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente Osmar Crivelatti.

Na segunda-feira (18), o militar obteve autorização do ministro do STF André Mendonça para não comparecer à oitiva cujo objetivo era aprofundar as investigações sobre crimes como a venda ilegal de joias, fraude das vacinas, campanha para desacreditar o sistema eleitoral e a produção de documentos para um golpe de Estado entre outros praticados por Bolsonaro com o apoio de seus ajudantes de ordens.

 

 

Ao final da sessão de hoje, o presidente da CPMI deputado Arthur Maia (União Brasil) anunciou que pedirá ao Congresso Nacional uma ação formal para questionar o STF sobre a decisão de André Mendonça por meio de uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF).

O deputado Rogério Correia  engrossou o coro das críticas e disse que sem depoente “graças à decisão do terrivelmente bolsonarista André Mendonça, a CPMI é instrumento constitucional e não pode ser desmoralizada “da forma como tentam fazer”.

Em outro tuíte, ele afirmou que a decisão “prova de que o tiro no pé dos bolsonaristas está doendo é que os mesmos que queriam a CPMI do Golpe agora comemoram as decisões monocráticas de dois ministros que claramente tem a intenção de obstruir a comissão. Defendem o STF que tanto atacaram e atacam a CPMI que tanto defenderam”, apontou.

Em outra postagem o deputado publicou foto de Crivelatti fardado e outra do ministro André Mendonça gargalhando abraçado a Bolsonaro e escreveu: “Crivelatti, assessor de Bolsonaro, movimentou R$ 2,7 milhões desde 2021, mesmo ganhando R$ 13.000/mês. O COAF ainda apontou que suas movimentações tem indícios de lavagem de dinheiro. Crivelatti seria ouvido hoje pela CPMI do Golpe mas foi desobrigado pelo bolsonarista André Mendonça”.

O deputado ainda respostou matéria do portal G1 sobre dados da Receita Federal sobre movimentação milionária do militar e incompatível com sua renda, e também outro tuíte do PT Brasil, com imagem estilizada de Crivelatti fardado e a mensagem: “Atenção, tem bolsonarista fujão. O tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens e atual assessor de Jair Bolsonaro, obteve liminar para não comparecer na CPMI do Golpe”.

O PT Brasil postou trecho da fala do deputado Rogério Correia na sessão de hoje. “Estamos assistindo uma tentativa desesperada de evitar o relatório. Mas essa iniciativa deles de desobstrução da CPMI está também no mesmo bojo dos dois ministros terrivelmente bolsonaristas que querem impedir que testemunhas venham aqui nessa CPMI”, salientou o deputado.

Para a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, as liminares recentes de ministros do STF que desobrigam ida de depoentes à CPMI ferem de morte o parágrafo 3° do artigo 58 da Constituição, que “retiram (da CPMI) poderes próprios de investigação de autoridade judicial. Lamentáveis decisões e indevida interferência de poder sobre outro”, escreveu Eliziane no Twitter.

Apoio à venda de joias do Estado brasileiro

Ex-coordenador administrativo da Ajudância de Ordens de Bolsonaro e ainda integrante de sua equipe de segurança, Osmar Crivelatti foi alvo de busca e apreensão autorizadas pelo STF Alexandre de Moraes em agosto. Na oitiva de hoje, segundo a Agência Senado, os parlamentares esperavam ouvir mais detalhes sobre sua ligação com o tenente-coronel Mauro Cid, a quem era subordinado na Ajudância de Ordens, e sobre sua participação no processo de retirada de presentes recebidos de autoridades oficiais estrangeiras pelo ex-presidente e que estariam no gabinete-adjunto de Documentação Histórica do Palácio do Planalto.

Crivelatti teria assinado a retirada de um Rolex avaliado em R$ 300 mil, doação do rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-aziz, em uma viagem oficial. A peça, de acordo com a PF, foi negociada por Mauro Cid em viagem aos Estados Unidos.

Segundo o site G1, Crivelatti se tornou um dos ajudantes de ordens de Bolsonaro por indicação do ex-comandante do Exército Villas-Bôas Corrêa, responsável pelo famigerado tuíte que buscava intimidar o STF na véspera de um julgamento que poderia tirar Lula da prisão injusta. Após Bolsonaro perder as eleições, Crivelatti foi o responsável por preparar a chegada de seu chefe aos Estados Unidos.

Da Redação