Sem categoria

Ministros do STF, indicados por Bolsonaro, obstruem trabalho da CPMI

Spread the love

Ministros do STF, indicados por Bolsonaro, obstruem trabalho da CPMI

 

Osmar Crivelatti, atual assessor do ex-presidente, não compareceu à comissão. Ele estava amparado numa decisão do ministro do STF André Mendonça

 

Arthur Maia anuncia que a Advocacia do Senado recorreu da decisão de André Mendonça (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Protegido por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, o segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti, que atualmente integra a equipe de assessores do ex-presidente Bolsonaro, não compareceu nesta terça-feira (19) ao depoimento marcado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe.

O presidente do colegiado, Arthur Maia (União-BA), anunciou que a Advocacia do Senado já ingressou com a ação contra a decisão de Mendonça.

Na semana passada, o mesmo foi feito contra outra determinação do ministro do STF Kassio Nunes Marques que também autorizou Marília Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal, a não comparecer ao depoimento.

Os dois ministros do STF, indicados aos cargos por Bolsonaro, estão sendo acusados de obstruírem os trabalhos da CPMI.

Leia mais: General G. Dias diz na CPMI do Golpe que PM não cumpriu plano de ações

Maia considerou a decisão uma desmoralização para a CPMI, tirando o poder, esvaziando e obstruindo o colegiado. “Obviamente que nós estamos, na verdade, brincando de fazer CPMI”, reagiu.

“Liminares recentes de ministros do STF que desobrigam ida de depoentes à CPMI ferem de morte parágrafo 3º do artigo 58 da Constituição Federal, quando nos retiram poderes próprios de investigação de autoridade judicial. Lamentáveis decisões e indevida interferência de Poder sobre outro”, considerou a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), integrante do colegiado, disse que houve um ataque ao parlamento brasileiro e o papel da CPMI.

“Ao invés desta CPMI se unir para fazer a defesa do seu papel constitucional, para poder proteger o ministro indicado por Bolsonaro, que tem os mesmos argumentos deles dentro do STF, eles tentam virar o alvo para a própria CPMI atacando a relatora”, criticou Jandira, referindo-se aos bolsonaristas na comissão.

A líder do PCdoB na Câmara defendeu uma reunião com a presidente do STF, ministra Rosa Weber, para debater o assunto e até com ingresso pela comissão de uma a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF).

“Estamos juntos para defender a CPMI, independentemente das opiniões políticas aqui dentro”, defendeu.

Depoimento

O depoimento de Crivellati era considerado fundamental, uma vez que o mesmo trabalhou com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Cid decidiu pela delação premiada para esclarece sua participação em crimes como falsificação do cartão de vacina do ex-presidente e familiares, vendas das joias sauditas recebidas como presentes por Bolsonaro [mas que pertenciam à União] e mensagens golpistas trocadas com outros militares.

Crivelatti também é acusado de participar da operação de venda das joias e efetuar uma movimentação milionária suspeitas na sua conta bancária.

Apesar de receber um salário líquido de R$ 14 mil, o segundo-tenente movimentou quase R$ 2,7 milhões em suas contas entre 2021 e junho de 2023.

Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a movimentação não se justificou “e que havia indícios do crime de lavagem de dinheiro”.

AUTOR