Jovens debatem o papel da mídia na construção do mundo multipolar
Jovens debatem o papel da mídia na construção do mundo multipolar
“A mídia pode fazer as pessoas amarem ou odiarem um atleta, um artista, um político e até mesmo um país inteiro”, diz Henrique Domingues em encontro do BRICS
Publicado pelo Portal Vermelho
Nesta semana, representantes da juventude de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul estão reunidos na cidade russa de Ulianovsk para debater o papel da mídia na construção do mundo multipolar.
Durante o 3º Campo Internacional da Juventude do BRICS, os participantes têm acesso a seminários com especialistas em comunicação dos países do grupo econômico e acesso a treinamento prático para aprender a realizar entrevistas, reportar eventos internacionais e identificar notícias falsas.
O encontro conta com participação ativa de brasileiros, tanto entre os especialistas, quanto entre os representantes da juventude. Um dos organizadores da delegação é Henrique Domingues, mestrando em Comércio Internacional pela Universidade Estatal de Economia e Finanças de São Petersburgo.
“O objetivo do evento é promover as relações entre a juventude dos países do BRICS para criar as bases para a consolidação da nova realidade do cenário geopolítico”, disse Domingues à Sputnik Brasil. “O tema do evento, focado em discutir as questões de comunicação e mídia, pautou uma sistemática de comunicação ‘desocidentalizada’, de cooperação mútua entre os países e de combate à propaganda e às fake news.”
De acordo com os organizadores do evento, reportagens produzidas pela mídia ocidental sobre os países do BRICS tendem a reforçar estereótipos e preconceitos sobre esses países, fazendo necessário o fortalecimento da cooperação no campo da mídia, para disseminar informações objetivas sobre o BRICS.
Para Domingues, o papel da mídia é fundamental para moldar a percepção do público acerca de assuntos que vão desde o esporte até a política internacional.
“A mídia pode fazer as pessoas amarem ou odiarem um atleta, um artista, um político e até mesmo um país inteiro. Por isso me interesso bastante pelo tema, procuro estar sempre bem-informado sobre as estratégias utilizadas pela mídia”, disse Domingues.
A convivência com jovens de China, Índia e África do Sul não é uma novidade para esse brasileiro, que participa ativamente de fóruns no formato BRICS.
“O intercâmbio multicultural e absolutamente diverso que existe em qualquer evento do BRICS é sempre o que busco acrescentar à minha formação”, disse o brasileiro. “A iniciativa BRICS é importante e representativa para esse novo momento geopolítico, afinal cada um dos países exerce liderança regional.”
A jovem indiana Harshita Sharma, oriunda da cidade de Jaipur, também prioriza eventos do formato BRICS para complementar sua qualificação profissional.
“Sou uma entusiasta das Relações Internacionais, tenho interesse em trabalhar no Ministério das Relações Exteriores do meu país, então quero obter mais experiência prática na área. É importante para mim ver como pessoas globais se reúnem, como o poder brando dos países funciona na prática e qual o legado que posso deixar para fazer do mundo um lugar melhor”, disse Harshita Sharma à Sputnik Brasil.
Para ela, a juventude dos países do BRICS deve debater caminhos para a “superação da hegemonia e tendência ao unilateralismo no sistema internacional”. “Podemos nos unir para romper com esse monopólio”, acredita a indiana.
Apesar do foco na atuação da mídia, os jovens selecionados para participar do fórum têm formação em diversas áreas. O chinês Hua Mingqiang, por exemplo, está começando seu doutorado em ciência de dados na Universidade Nacional de Investigação, a Escola Superior de Economia da Rússia.
“Desde que vim morar na Rússia, tenho participado de muitos fóruns internacionais, não só no formato BRICS”, disse Hua Minqiang à Sputnik Brasil. “Eu adoro interagir com pessoas de outros países e trocar ideias. Aprendo tantas coisas úteis nesses encontros, que depois posso inclusive usar para as minhas pesquisas acadêmicas.”
O 3º Campo da Juventude do BRICS também é um espaço para que autoridades ligadas à implementação de políticas públicas se reúnam e avaliem a eficácia de suas atividades. Esse é o caso de Onalerona Mahuma, representante da Agência de Desenvolvimento Nacional da Juventude Sul-Africana (NYDA, na sigla em inglês).
“Minha expectativa é saber como as autoridades dos demais países do BRICS estabelecem metas e implementam políticas voltadas para a juventude”, disse Mahuma à Sputnik Brasil. “Além disso, eu queria muito conhecer a Rússia e continuar as discussões sobre a juventude internacionalmente.”
A África do Sul ocupa a presidência do BRICS neste ano, por isso organizou a Conferência da Juventude do BRICS em Durban, em meados de julho, e receberá a Cúpula de Chefes de Estado do bloco, entre os dias 22 e 24 de agosto.
“Receber esse tipo de evento internacional é muito bom para os jovens na África do Sul, porque o desemprego juvenil é bastante alto”, considerou Mahuma. “Os eventos também nos ajudam a informar melhor os nossos jovens que ainda não sabem o que é o grupo BRICS. Queremos incluir esse grupo nessa jornada internacional.”
Os 60 participantes do 3º Campo da Juventude do BRICS ficaram reunidos em um hotel na área rural da região de Ulianovsk entre os dias 1º e 3 de agosto, às margens do rio Volga. Entre os dias 3 e 6, o grupo ficará na região central da cidade para apresentar projetos de mídia visando a otimização da disseminação de notícias sobre países do BRICS mundialmente.
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Fonte: Sputnik Brasil
Edição: Bárbara Luz