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Professores e alguma justiça histórica Por: Angelo Cavalcante

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Professores e alguma justiça histórica
Angelo Cavalcante

O sujeito ingressa, se prepara, se qualifica e se forma em múltiplos níveis para ser professor… PROFESSOR…

Tem discurso, ” tique”, vocabulário, indumentária, paciência e o bem pior, salário de professor.

Seus amigos, amigas e “amigues” são, no geral, do seu exclusivo ambiente de trabalho.

Por sinal, os particulares desse mesmo mundo do trabalho e de trabalhos se espraiam na totalidade do seu cotidiano. Está na sua prateleira de livros, na sua escrivaninha, na sua camiseta; na pasta ou mochila que usa e está nos pensares noturnos quando, por exemplo, em um repente, o professor se lembra do texto a ser concluído; de tal orientação, do projeto que não está fluindo como se esperava ou no aborrecedor conflito com aquele aluno melindroso.

Faz tempo…

…Muito tempo que a docência saiu, transcendeu do território particular da universidade. Não por menos, o ” ser professor” está nos múltiplos circuitos da vida cotidiana.

É fato…

Algo, no entanto, gera estranhamento!

Estou a tratar especificamente, da dimensão política dessa atividade. Vejamos… Homem é história e é IMPOSSÍVEL realizar tal separação.

De outra maneira, tudo o que estamos a ver, contemplar ou acessar é fruto e resultado direto de luta política; por sinal, muita luta política.

Um estatuto, uma unidade de ensino, regras de trabalho, alguma promoção, representação nesse ou naquele conselho, interlocução com tal órgão de governo, direito a vez e voto na comissão “de tal”, licenças, direito a reclames e denúncias; proteção ao arbítrio do superior arrogante e outras medidas civilizacionais e de equivalência são o resultado, prestem atenção, de muita luta, enfrentamento e resistência política.

Mas há algo de muito curioso e estranho quando o tema fundamental e basilar da POLÍTICA adentra na seara do magistério, sobretudo, do magistério superior. Não sei dizer ao certo o que passa, mas é como se o simples cumprimento de disposições rotineiras e burocráticas justificassem, per si, a própria e singular atividade profissional e docente.

É como se a mera e automática realização do rito e do script profissional e burocrático justificasse o próprio sentido e razão da atividade professoral.

Bem ao contrário, cara pálida… Foi justamente no circuito político que professores garantiram substância e estofo profissional aos seus afazeres.

O fazer laboral do professor, ganhou “carne e musculatura” não na cronologia estatal de registro e controle dessa atividade, mas, ao contrário, na sua capacidade de se refazer, redefinir e reinventar ante a profunda e capilarizada tradição autoritária de governos e que sempre e sempre, se utilizaram da lógica da “redea curta” para com os professores.

Pois sim… É na resistência a tudo isso que professores se fizeram, se refizeram e garantiram, enfim, sentido social e histórico ao desiderato superior de educar.

Fico muito sentido quando colegas saem empavonados e galonados dos seus mestrados, doutorados ou pós-doutorados para o muito tático e decisivo mundo da educação superior sem identificar, sem perceber que a carne política que revolve seus ossos, o sangue revolucionário e quente e que corre em suas veias e toda a efervescente teia neural que define suas prodigiosas funções cerebrais veio, reparem bem, da rua, da luta e da conspiração coletiva, social e concertada por democracia, respeito e direito humano.

Não foi o Estado… NUNCA foi o Estado!

Angelo Cavalcante – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara, da direção da ADUEG.

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Foto: redes sociais