Bolsa Família de Dilma comprava mais no supermercado que Auxílio Brasil
Bolsa Família de Dilma comprava mais no supermercado que Auxílio Brasil
Inflação de alimentos corrói poder de compra do Auxílio Brasil, que precisaria ser de R$ 732,12 para se equiparar ao auxílio emergencial da pandemia
Publicado pelo Portal Vermelho
As vésperas da reeleição da ex-presidenta Dilma Roussef, em 2014, o valor médio do Bolsa Família de R$ 191 comprava 51,1% da cesta básica em São Paulo. Já o Auxílio Brasil de R$ 400 comprava, em abril, 50,1% do valor da cesta básica, que custava R$ 803,99. O cálculo é do Estadão e mostra que o descontrole inflacionário no governo Bolsonaro vai continuar corroendo o acréscimo eleitoreiro de R$ 200 no programa.
Aprovado a fórceps no Congresso como uma forma de turbinar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL), o Auxílio Brasil de R$ 600 começa a chegar ao bolso dos brasileiros, em agosto, já com seu poder de compra corroído pela inflação. De acordo com o IPCA-15, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (26), o cenário inflacionário continua piorando. E os piores aumentos se confirmam acima da média para os alimentos.
Apenas em três capitais o custo da cesta básica ficou abaixo dos R$ 600 do Auxílio Brasil: João Pessoa (R$ 586,73), Salvador (R$ 580,82) e Aracaju (R$ 549,91). A mais cara foi registrada em São Paulo, no valor de R$ 777,01. Valores que podem neutralizar a estratégia para atrair os eleitores mais pobres, que, mesmo após o aumento, preferem o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Essas famílias sequer conseguiram perceber a capacidade de compra do auxílio aumentado, pois a inflação já a havia afetado.
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O acréscimo de R$ 200 oferecido pelo governo Bolsonaro, garantido somente até dezembro, não será suficiente para colocar no carrinho do supermercado quantidade de produtos equivalente à que comprava o Auxílio Emergencial de mesmo valor, pago em 2020, como parte das medidas de combate à pandemia de covid-19.
Segundo cálculos de Matheus Peçanha, pesquisador e economista do Instituto de Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV (Fundação Getulio Vargas), feitos para a Folha de S. Paulo, para ter o mesmo poder de compra de abril de 2020, as famílias deveriam receber R$ 732,12. Os R$ 600 do auxílio atual correspondem a R$ 491,72 em valores de 2020.
Para piorar a situação, o número de famílias que não consegue receber o benefício, mesmo estando desempregada, só aumenta. Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) dão conta de 2,78 milhões famílias aptas para receber o Auxílio Brasil, sem conseguir o benefício. O número foi calculado com base em dados de abril, mês que registrou um aumento de 113% na quantidade de famílias na espera em relação a março.
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