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Democracia exige punição imediata para ação terrorista em Brasília

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Democracia exige punição imediata para ação terrorista em Brasília

Futuro ministro da Justiça, Flávio Dino anuncia medidas para identificar e punir culpados pela selvageria. “Baderna teve cara de esquema profissional. Bolsonaro é cúmplice”, afirma Gleisi Hoffmann

Sérgio Lima

Democracia exige punição imediata para ação terrorista em Brasília. Foto: Sérgio Lima

A “noite dos cristais” bolsonarista ultrapassou todos os limites aceitáveis, e é preciso uma ação dura e incisiva das autoridades do Distrito Federal e de todo o país para coibir a violência política dos inconformados com a derrota nas eleições. É o que esperam lideranças da sociedade civil e parlamentares, que foram a público exigir medidas imediatas contra o terrorismo visto nas ruas de Brasília nesta segunda-feira (12).

Em coletiva ainda na noite de segunda, o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que já foram tomadas medidas para identificar e responsabilizar os culpados pela selvageria e vandalismo. “Estamos aqui para consignar o fundamental. Em primeiro lugar, as medidas de responsabilização já adotadas – as que foram adotadas hoje e que vão ser adotadas a partir de amanhã – vão prosseguir”, adiantou Dino.

“Temos dialogado com o GDF, a quem compete a garantia da ordem pública em Brasília, atingida por arruaças políticas. A segurança do presidente Lula está garantida. As medidas de responsabilização jurídica prosseguirão, nos termos da lei”, completou.

Ainda durante a coletiva, Dino lembrou que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está apto a exercer a Presidência da República a partir de 1º de janeiro e a posse está garantida. “A diplomação ocorreu sem intercorrência. Houve plena integração entre os órgãos de segurança”, reiterou.

“Não podemos neste momento achar que há vitória de quem quer o caos. Há, infelizmente, pessoas desejando o caos? Há, mas não venceram hoje e não vencerão amanhã”, afirmou. Dino disse ainda que “se há omissões, as omissões não estão aqui”, sem citar nomes de integrantes do desgoverno Bolsonaro, que horas após a eclosão do conflito não haviam se manifestado.

A primeira intervenção pública do ministro da Justiça, Anderson Torres, o único do Executivo a comentar os atos, ocorreu às 23h08, mais de três horas após o início dos distúrbios. O ministro, que momentos antes foi visto jantando no restaurante Dom Francisco, no Setor de Clubes, disse no Twitter que “tudo será apurado e esclarecido”, e que a situação estaria “se normalizando”.

Ao lado de Dino na coletiva, o secretário de Segurança do Distrito Federal, Júlio Danilo, manifestou a suspeita de participação nas arruaças dos manifestantes bolsonaristas acampados em frente ao Quartel General do Exército. “Parte desses manifestantes, a gente não pode garantir que são todos que estejam lá, porque alguns podem inclusive residir na cidade, mas parte realmente estava no QG, no acampamento, participaram desses atos”, declarou o secretário.

“Aquelas pessoas que venham a ser identificadas serão responsabilizadas. Foram feitas imagens, tem como a gente identificar”, prosseguiu Danilo, para quem a manutenção do acampamento será “reavaliada”. “Esse acampamento se encontra em uma área militar, sob jurisdição militar, e todo o ato de intervenção tem que ser feito em coordenação com as Forças Armadas, no caso o Comando do Exército”, ponderou.

Gleisi Hoffmann: “Passou da hora de desmobilizar as frentes de quartéis”

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), questionou a atuação das forças policiais. “Baderna em Brasília teve cara de esquema profissional. Muito estranho que ninguém foi preso. Bolsonaro é cúmplice. Como pode presidente da República abrigar envolvidos? Passou da hora de desmobilizar as frentes de quartéis, não tem nada de liberdade de expressão, só golpismo”, disse Gleisi no Twitter.

Gleisi se referiu ao fato de o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, investigado no inquérito das fake news, ter se abrigado com mais duas pessoas no Palácio da Alvorada. O advogado dele, Levi de Andrade, disse à CNN que Eustáquio teria ido até lá por temer uma prisão. “Ele estava lá e quando soube do mandado de prisão contra o cacique me pediu para ajudá-lo”, afirmou. Em vídeo, Eustáquio negou o “medo da prisão”.

O cacique é o autodenominado pastor José Acácio Tserere Xavante. O cumprimento de um mandado de prisão temporária contra Tserere teria sido o estopim dos acontecimentos. Ele ganhou notoriedade entre grupos bolsonaristas desde que as manifestações em frente ao QG do Exército começaram.

A prisão de Tserere ocorreu por determinação do Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República. A PGR e o STF afirmam que ele é investigado por participar de atos antidemocráticos e reunir pessoas para cometer crimes.

A Polícia Federal (PF) afirma que o indígena teria realizado manifestações de cunho antidemocrático em diversos locais, como em frente ao Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília, no Park Shopping, na Esplanada dos Ministérios e em frente ao hotel onde Lula está hospedado.

Conforme relatos nas redes sociais, agentes da PF teriam entrado na caminhonete que o indígena usava para se deslocar do Palácio da Alvorada de volta para o QG e o levaram. Após a ação policial, os bolsonaristas tentaram invadir o prédio da Polícia Federal e quebraram vidros da 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. Policiais militares entraram em confronto com o grupo, que colocou botijões de gás em vias próximas ao local.

O grupo incendiou três carros e cinco ônibus, fechou vias e espalhou o terror nas áreas próximas. Shoppings fecharam as portas e uma pessoa de 67 anos precisou de atendimento médico após inalar gás lacrimogêneo.

Reginaldo Lopes: “Bolsonaro é um irresponsável e precisa ser responsabilizado”

Nesta terça-feira (13), o Conselho Federal e a Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) divulgaram nota repudiando os atos. “É preciso prender os responsáveis e agir firmemente para a efetiva punição de todos na forma da lei”, afirma o documento. “Tais atos atentam contra a democracia e representam inaceitável escalada de violência. Nada, absolutamente nada, justifica o cenário de guerra que se está a ver.”

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chamou de “absurdos” os atos feitos por “uma minoria raivosa”. “As forças públicas de segurança devem agir para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante”, afirmou Pacheco.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que se reuniu com Lula na manhã desta terça, repudiou a violência. “As manifestações fazem parte da democracia. A capital federal recebeu cidadãos de todo o Brasil que, há mais de um mês, vem se expressando de maneira ordeira. Repudio veementemente a desordem, a violência e o risco à integridade física ou de patrimônio público e privado”, escreveu no Twitter.

Também no Twitter, o líder da bancada petista no Senado Federal, Paulo Rocha (PA), culpou Jair Bolsonaro pela baderna. “Passamos 4 anos combatendo a destruição e protegendo o povo. Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido atiçados por Bolsonaro desde a sua derrota para Lula no segundo turno das eleições”, apontou o senador.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Reginaldo Lopes (MG), disse que o futuro ex-presidente deu “sinal verde” para os atos. “Bolsonaro é um moleque, um irresponsável, um autoritário e ele precisa ser responsabilizado juntamente com esses radicais por vários crimes que estão cometendo aqui em Brasília, e parece que vão ocorrer em algumas outras cidades do Brasil”, alertou Lopes.

Em outro vídeo nas redes sociais, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) pediu tolerância zero com quem atenta contra a democracia. “Parte dos criminosos estão abrigados em área militar próxima ao QG em Brasília. Outros têm como base o Palácio do Alvorada. A omissão cúmplice de Bolsonaro e a postura condescendente dos Comandantes Militares possibilitou a ação dos terroristas radicais da extrema direita.”

Pimenta destacou ainda que os atos de vandalismo não foram cometidos por amadores. “Os criminosos que provocaram os tumultos em Brasília dispunham de treinamento militar, equipamentos, explosivos e certeza de impunidade. Circulavam com tranquilidade pois sabiam que não seriam presos. Repito: ninguém foi preso!”, criticou.

Após passar mais de um mês praticamente recluso e em silêncio, Bolsonaro reapareceu na última sexta-feira (9), dizendo a apoiadores que o Brasil está numa “encruzilhada”, e conclamando-os a “fazer a coisa certa”.

Bolsonaro voltou a aparecer para os apoiadores no domingo (11) e nesta segunda, horas antes da diplomação de Lula. Posou para fotos com crianças, mas não fez declarações. Na manhã desta terça, participou de solenidade pelo Dia do Marinheiro.

Indicado por Lula para ser o futuro ministro da Defesa, José Múcio, disse na sexta-feira que, com a aparição aos apoiadores naquele dia, Bolsonaro havia colocado “a digital” no estímulo aos atos antidemocráticos e vai “deixar a gente pensar”.

Mais repercussões

Humberto Costa

Os atos terroristas que ocorrem, nesta noite, em Brasília, mostram a quantidade de criminosos que há disfarçados de patriotas. Merecem ser combatidos com rigor e responder na justiça pelos crimes praticados.

 

Fabiano Contarato

Os atos criminosos de bolsonaristas que vandalizaram patrimônios públicos e privados na noite de ontem nos aponta para uma página da história que precisa ser virada! Não há mais espaço p/ ataques que buscam enfraquecer nossa democracia. Chega de terrorismo!

 

Paulo Paim

Inaceitável os atos criminosos acontecidos em Brasília. Que os responsáveis sejam identificados, responsabilizados e punidos no rigor da lei. Eles sabem muito bem o que estão fazendo. Atuam contra a democracia e o Estado de direito. Esse caso não pode ficar impune.

 

Teresa Leitão

Grave e inaceitável a ação de bolsonaristas em Brasília . Depredações de ônibus e carros e do prédio da PF. Esse povo tem que ser parado !!! #ForaBolsonaro

 

Wellington Dias

Absurdo! O que aconteceu na noite de ontem, em Brasília, são atos lamentáveis de terrorismo e devem ser rigorosamente punidos conforme a lei. Queremos paz! Queremos voltar a viver nossas vidas em harmonia e reconstruir o Brasil.

 

Maria do Rosário

“A extrema-direita bolsonarista ultrapassou faz tempo o limite da política. Política é feita com ideias. O que acontece essa noite em Brasília são atos terroristas organizados. Inaceitável. A escalada da violência tem q acabar ja pela união de todas as instituições.”

Randolfe Rodrigues

“Não é manifestação democrática, não é um ato de pessoas de bem. O que Brasília está presenciando hoje são ações criminosas de quem não aceita a democracia. Todos devem ser responsabilizados, inclusive a influência de Bolsonaro e sua esposa pelo estímulo aos golpistas!”

Marcelo Freixo

“Terroristas bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília e agora estão incendiando carros. Esses golpistas têm que ser chamados pelo que são: criminosos que precisam ser punidos com todo rigor da lei.”

Ivan Valente

“Grupo de bolsonaristas tentou, há pouco, invadir a sede da PF em Brasília para libertar um fascista preso. Botaram fogo em carros e ônibus, aterrorizando a cidade. Vamos dizer em alto e bom som: Não nos intimidam, cadeia para os golpistas!”

Alexandre Frota

“Caos total, manifestação antidemocrática, ato criminoso. Brasília está assistindo a ações contra a democracia. Bolsonaro é culpado de favorecer esses covardes golpistas!”

André Janones

“Bolsonaristas incendeiam carros, ônibus e criam um verdadeiro clima de guerra em Brasília, colocando em risco a vida de polícias federais e civis na região do Brasília Shopping.”

Simone Tebet

“Absurdo. Violência, depredação e vandalismo não vão intimidar a democracia brasileira. Os criminosos que causaram caos em Brasília nesta segunda-feira têm de ser rigorosamente punidos.”