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Bolsonaro mente sobre salário mínimo acima da inflação em 2023

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Bolsonaro mente sobre salário mínimo acima da inflação em 2023

 

A economista Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for Internacional Economics, diz que a promessa do presidente não passa de bravata

 

Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Bolsonaro ficará para história como o candidato a presidente que mais mentiu durante sua campanha. De acordo com a agência Aos Fatos, desde que assumiu o cargo ele já contou 6.460 lorotas. Neste domingo (23), durante entrevista concedida à TV Record, o presidente reafirmou que irá reajustar o salário mínimo acima da inflação a partir do ano que vem.

“Nós daremos sim um aumento acima da inflação para o salário mínimo, para os aposentados e para os servidores. Eu acredito no ministro Paulo Guedes (Economia), que é reconhecido fora do Brasil, os números da economia nossa realmente são de fazer inveja para a grande maioria dos outros países”, disse.

A economista Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for Internacional Economics, nos Estados Unidos, diz que a promessa do presidente não passa de bravata.

“Bolsonaro reagiu à pressão dizendo que aumentará o salário mínimo acima da inflação. Mas, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada para 2023 traz um reajuste menor do que a inflação atual. Bolsonaro vai mudá-la? Vocês acreditam? Ou estão em dúvida?”, indagou.

Leia mais: Lula: vamos recuperar o poder de compra do salário mínimo 

A economista explicou que o salário mínimo aprovado na LDO pelo Congresso Nacional será de R$ 1.294,00. “Isso significa um reajuste de 6,7%, mas a inflação hoje está em 7,2%. Pelos dados de hoje, o reajuste já aprovado por lei é menor do que a inflação. Bolsonaro está mentido? É bom saber, né?”, volta a questionar.

Para ela, Bolsonaro só se movimentou sobre o tema após o resultado da divulgação nas redes sociais de “Bolsonaro não mexa no meu salário”, campanha articulada pelo deputado André Janones (Avante-MG).

Isso porque, tanto Bolsonaro quanto Guedes sempre planejaram o reajuste do mínimo, de aposentadorias, de pensões e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) pela chamada “inflação esperada”, fato que também tem grande repercussão nas redes.

Analistas do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Universidade de São Paulo (MADE-USP), calcularam que por esse critério o salário mínimo estaria hoje no valor de R$ 502,00, ou seja, “garfada” de 58,6% no bolso de trabalhadores ativos e inativos.

Economista e pesquisadora do Peterson Institute for International Economics (PIIE), Monica de Bolle. Foto: PSB

Correção da inflação

Aliás, Bolsonaro vem investindo contra aumento real do mínimo. Durante seu mandato, ele realizou quatro correções que elevaram o piso de R$ 954 para os atuais R$ 1.212, o que significou uma valorização de apenas 1,2%.

“O que já estava ruim vai piorar! Com a dupla Bolso/Guedes, a política de valorização do salário mínimo, adotada no governo Lula, foi por água abaixo. Há 4 anos, os brasileiros não têm ganhos reais, apenas a correção da inflação. Agora, até isso eles querem tirar”, criticou o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PE).

O deputado lembrou que Guedes já anunciou que vai acabar com a correção da inflação no salário mínimo. “Haverá ainda mais perdas para a população, que tem visto seu poder de compra diminuir a cada dia, com o preço dos alimentos nas alturas!”, diz.

De acordo com ele, se o Brasil não tivesse adotado a política de valorização do mínimo no governo Lula, que além da inflação do ano anterior garantia o crescimento do PIB, mais de 60 milhões de brasileiros receberiam hoje R$ 699 de salário mínimo ou aposentadoria.

“Precisamos retomar essa política de valorização. A Constituição determina que o salário mínimo precisa manter o poder de compra do trabalhador com suas despesas básicas. Sem reajustes reais é impossível. Não caia na conversa fiada de quem já negou esse direito por 4 anos”, defendeu.

Recuperação

Em entrevista coletiva neste domingo, em São Paulo (SP), Lula voltou a dizer que vai recuperar o poder de compra do salário mínimo, com reajustes anuais que reponham as perdas da inflação mais aumento real, como foi feito nos tempos em que ele esteve na Presidência.

“No Brasil, sempre se usou dizer, antes do nosso governo, que não se podia aumentar o salário mínimo porque causava inflação. E nós provamos, durante todo o período que nós governamos, que a gente, além de recompor o poder aquisitivo com a inflação, a gente dava um aumento real com base no crescimento do PIB dos últimos dois anos. E isso não causou nenhuma inflação”, disse.

Lula lembrou que o Brasil já teve qualidade de vida melhor e citou especificamente que o salário mínimo aumentava todo ano e teve valorização de 74% no período dos governos petistas. “A gente tem que mostrar que o salário mínimo aumentava todo ano, e faz 4 anos que não aumenta o salário mínimo, prejudicando os aposentados, prejudicando os pensionistas e prejudicando as pessoas que recebem a aposentadoria”, lamentou.

Fotomontagem feita por Artur Nogueira com as fotos de: Alan Santos/PR

Plano DDD

Na reta final dessa campanha, também ganhou destaque as propostas que tramitam no Congresso desde 2019 revelando que, além dos que recebem o mínimo, o governo Bolsonaro tem como objetivo cortar 25% dos salários dos servidores públicos e redução de R$ 6 bilhões nas despesas com funcionalismo.

“A confissão de Guedes mostra que o plano DDD (desvincular, desindexar, desobrigar) do governo Bolsonaro voltou com tudo. O que mais havia nesse plano? Destaco duas medidas das PECs 186 e 188/2019 (que segue em tramitação no Senado)”, escreveu no Twitter o consultor legislativo do Senado Vinícius Amaral, para quem as emendas à Constituição visam “demolir, desmontar e destruir os direitos dos servidores municipais, estaduais e federais.”

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