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História em Pedaços!

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Gente boa do Blog,
A Academia Catalana de Letras relembra que,
o casamento entre um menino de 7 anos e uma menina de 5 anos de idade, deu origem à Fazenda dos Casados em Catalão. No começo, a fazenda era uma grande sesmaria que foi sendo dividida entre os filhos, dando origem às famílias Mariano e Calaça, tradicionais no município. Naquelas paragens, foi encontrada a Cruz do Anhanguera, em 1914, perto de uma das sedes da Fazenda dos Casados.
A história teve início nos tempos da monarquia, quando casamento oficializado, na lei e na igreja, era novidade pelo interior do país. Geralmente os casais se juntavam e “viviam maritalmente”, principalmente os que moravam em lugares ermos e mais distantes. Somente quando aparecia algum padre, nas festas de roça, eram celebrados alguns casamentos coletivos.
A história remonta ao início do século XIX. Naquela época, na região oeste de Minas Gerais, uma família resolveu se mudar, adquirindo terras no município de Catalão.
As informações são da professora Kélida Mara da Silva, descendente direta da família Mariano, clã que se instalou neste município em 1822, ano da independência brasileira.
O primeiro filho da família, Mariano Cândido da Silva, com 7 anos de idade, estava prometido em casamento com Maria Cândida de Jesus, de apenas 5 anos. Como não tinha igreja na região de Catalão e tampouco cartório civil, fizeram o casamento precoce dessas crianças em Minas Gerais, antes da partida para Goiás. Por isso, a região em que adquiriram terras em Catalão ficou conhecida como Fazenda dos Casados, por serem os únicos nas redondezas unidos legalmente e, por cima, desde crianças. O menino se tornou um respeitado e conhecido fazendeiro, ganhando o apelido de “Marianinho dos Casados”, pela baixa estatura e pelo jeito de se apresentar sempre de botas e chapéu de abas largas.

Catalão, na época da independência do Brasil, ainda era um povoado pequeno, com poucas casas de adobe e alguns ranchos de palha à beira do córrego Pirapitinga. Porém, Quando se emancipou, em 1959, o município era enorme, englobando terras até as margens do rio Paranaíba.
Marianinho teve doze filhos com a esposa com quem se casara ainda criança. As terras foram divididas entre os descendentes, ficando a região da Fazenda dos Casados com várias sedes. Em uma delas, na qual moravam João Mariano Nenzico e sua esposa Benvinda Ambrosina, encontraram uma enorme cruz, quando faziam um estudo de terreno para partilha, deduzindo que fora ali plantada pelo bandeirante Anhanguera Filho.
O descobridor, Bento Xavier Garcia, era um dos fundadores da Loja Maçonica Paz e Amor III em Catalão (1913). Transportou a grande cruz para a maçonaria, em 1914, entidade que se tornou sua primeira guardiã. Entretanto, um ano depois, o juiz Luiz do Couto reivindicou o translado da relíquia para a velha capital de Goiás, conseguindo autorização dos poderes estaduais para o seu intento. Somente não obteve apoio da maçonaria e dos moradores de Catalão que presenciaram angustiados aquela triste partida (1915).
Há mais de um século que a Cruz do Anhanguera continua na Cidade de Goiás. Ficou exposta por dezenas de anos, ganhou reformas, foi arrastada por enchente e até ganhou uma réplica. Mas, sobreviveu.
Hoje, a cruz se encontra em lastimável estado de conservação. O lenho original está bem mais curto, esburacado, desfigurado e sustentado por ripas que pregaram nos seus contornos. Está literalmente encostada em uma parede do museu onde era a cadeia pública, perto do chafariz de tromba, na Cidade de Goiás.
A Academia Catalana de Letras pretende levantar uma réplica bem original, no tamanho em que eram feitas as cruzes que os antigos bandeirantes erguiam para marcar passagem pelo interior e colocá-la no ponto exato da Fazenda dos Casados onde o março foi encontrado.
Cruz do Anhanguera e Fazenda dos Casados ficaram historicamente interligados na memória de Catalão.

Por: Luís Estevam