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História em Pedaços!

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Gente boa do Blog,
A Academia Catalana de Letras relembra que,
alguns imigrantes estrangeiros gostaram tanto de Catalão que deixaram obras inestimáveis no município. Um deles foi o árabe Nasr Fayad, que construiu um sofisticado palacete, bem no centro da cidade, no início da década de 1930.
As primeiras levas de imigrantes, oriundos da Síria e do Líbano, vieram para o Brasil por volta de 1880. Com a implantação da ferrovia Mogiana, o movimento migratório ganhou o sentido de interiorização pelo país. Diferentemente de outras correntes, os sirio-libaneses  não vieram para trabalhar em lavouras. Em sua maioria, começaram a vida como mascates e, com o tempo, se tornaram grandes varejistas e industriais.
No início do século passado, as colônias árabes de Anápolis e de Catalão já eram economicamente expressivas no contexto estadual, principalmente em termos comerciais. No sul do estado, uma das famílias  já consolidadas, com vários empreendimentos em Catalão, era a de Nasr Fayad. O seu irmão, Salomão Fayad, inaugurara em 1910 a Casa União que revendia tecidos, chapéus, calçados, óleos, ferragens, vIdros, ladrilhos e mais uma variedade de mercadorias. O seu estabelecimento era bem amplo e ocupava dois prédios comerciais na antiga Rua da Alegria (20 de Agosto). Além de comerciante, Salomão Fayad era representante da multinacional Chevrolet, fundada em 1911 nos Estados Unidos, com atuação em toda a região central do Brasil.
Nasr Fayad, por sua vez, juntamente com outro irmão, Alfredo Fayad, eram sócios em beneficiamento de grãos, fornecimento de energia elétrica, entre outros negócios. Eram imigrantes bem sucedidos financeiramente. Em 1934, o jornal Araguary (05 de maio) mencionou os principais comerciantes de Catalão: Alfredo Fayad & Irmão,  Miguel João & Filhos, Calixto Abud & Irmão, Salomão Fayad, Nazar & Filhos, Antonio Sebba, Nassin Agel, Miguel Chaud, Abrahão Elias da Silva, João  Cosac, Gabriel Issa, João Calaça, Júlio Pasqual, Joaquim da Silva, Ugo Righetto e Lourenço Cortopassi. Na verdade, estes agentes varejistas extrapolavam a praça de Catalão, atuando em toda a região sul do estado de Goiás e parte do Triângulo Mineiro.
Foto Edifício Nasr Fayad/ arquivo Luis Estevam
No início da década de 1930, enquanto Pedro Ludovico pensava em construir Goiânia, Nasr Fayad já estava levantando o seu palacete em Catalão. Ergueu um imponente prédio de dois andares e promoveu um majestoso acabamento em todas as suas dependências. Algo impensável para a época, encomendou mármore da Itália, cimento da Inglaterra (o famoso Oxford), além de diversos materiais de construção da França e da Europa em geral. O estilo da construção se enquadrou no movimento “art noveau”, que foi muito apreciado na arquitetura mundial de 1890 até a década de 1920. Mas, o resultado da obra, como um todo, ficou bem eclético em função das influências árabe, italiana e francesa.
Sem dúvida, uma variedade muito grande de profissionais esteve ocupada na construção da residência de Nasr Fayad em Catalão. Não só da região ou do país, mas também de outras nações. A pintura,  interna e externa do prédio, foi feita por um italiano, Etore Clerice, bastante conhecido mundialmente. O artista, inclusive, desenhou tudo à mão, em cada parede e teto,  para depois aplicar a pintura final. Parte dos afrescos externos retratam a fazenda de Nasr Fayad no Líbano e os desenhos que cobrem o teto – assim como grande parte das paredes – estão no estilo “trompe l’oeil” (técnica francesa que provoca uma ilusão de ótica de tridimensionalidade).
A família de Nasr Fayad residiu na mansão por mais de trinta anos, conservando quase intacta a arte original da construção. Porém,  no começo da década de 1970, com o falecimento do médico William Fayad,  a família não mais residiu no local. Reformulou alguns cômodos e alugou para profissionais liberais e comerciantes da cidade. Durante vários anos, Wilson Fayad ocupou uma fração do prédio com seu escritório de advocacia e Labiba ali realizava a contabilidade do Hospital Nasr Fayad.
O prédio, verdadeiro patrimônio histórico, continua até hoje bem vistoso e, juntamente com a Praça Getúlio Vargas, forma um cartão postal no Centro de Catalão.
Foto Edifício Nasr Fayad/ arquivo Luis Estevam
Por Luís Estevam