Um dia após massacre, Doria é só elogios à política de segurança de SP
Sem demonstrar sensibilidade com a criminosa ação da Polícia Militar que resultou no genocídio de nove jovens inocentes na comunidade de Paraisópolis, o governador João Doria rasgou elogios à sua política de segurança pública. As nove vítimas morreram pisoteadas. “São Paulo tem uma polícia preparada, equipada e bem informada”, disse o tucano no Rio de Janeiro, durante a solenidade de filiação do ex-ministro Gustavo Bebianno ao PSDB. Duas horas antes, nas redes sociais, Doria lamentou o massacre.
Cerca de 5 mil jovens participavam de um baile funk, na madrugada de sábado para domingo, quando foram surpreendidos pela “operação pancadão”, da Polícia Militar de São Paulo. Imagens e relatos indicam que a multidão acabou encurralada pela polícia em vielas estreitas – alguns tropeçaram e acabaram mortos ou feridos. Jovens afirmaram que a ação foi uma “emboscada”.
A versão fantasiosa de autoridades cita dois criminosos que teriam atirado em policiais, fugido de moto a se escondido dentro da festa. Mas frequentadores do baile e moradores da comunidade refutam essa versão fraudulenta. Ainda que essa cena fosse verdadeira, a PM não consegue explicar por que onde estão a moto e os supostos criminosos, nem tampouco justifica a morte de nove inocentes. A ouvidoria das polícias já reconheceu abusos, e a própria PM admite que houve excessos.
Mesmo assim, apenas um dia após o saldo trágico e injustificável da operação, Doria parecia respaldar a matança: “Não há hipótese de uma comunidade, uma população, uma cidade, um estado ou uma grande região ter paz sem ter segurança. Em São Paulo, isso se faz com seriedade, com planejamento, com estruturação, com inteligência para permitir a ação preventiva do crime, com respeito aos policiais”.
Na noite de domingo, centenas de moradores de Paraisópolis tomaram as ruas da favela e arredores para protestar contra o episódio. Os manifestantes cantaram trecho de um funk clássico. “Eu só quero é ser feliz / Aandar tranquilamente na favela onde eu nasci”. Em parte do trajeto, eles se encontraram com policiais. “Assassinos, assassinos”, gritavam. Não houve conflito.
Por Portal Vermelho