História em Pedaços!
A Academia Catalana de Letras relembra que,
a maioria dos chefes políticos de Catalão exibia, com orgulho, alguma patente militar. Ao longo da história, os moradores daqui conviveram com tenentes, coronéis, capitães, majores, alferes e outros postos de comando da Guarda Nacional.
Uma pessoa desavisada, que pesquisar a história de Catalão, poderá pensar que o município foi um reduto militar ou um posto avançado do exército, tal a quantidade de oficiais que aqui viveram. Mas, a verdade é outra e bem simples.
Nos tempos da monarquia, os reis garantiam o poder distribuindo títulos de nobreza aos súditos importantes, de acordo com os interesses de cada um, visando preservar a unidade do território. Foi a época em que o poder esteve dividido entre o rei e os barões, duques, condes, marqueses, viscondes etc. Com o tempo, o título de nobreza foi ficando desgastado. Dom Pedro II, por exemplo, ofereceu o título de barão ao nosso escritor, Bernardo Guimarães, que declinou a honraria alegando: “De que adianta ser barão sem um baronato?”
Foto: Capitão Ricardo Paranhos/ acervo pessoal de Luís Estevam
O certo é que, em 1831, quando D. Pedro II ainda era menor de idade, o regente Diogo Feijó inventou a distribuição de patentes militares para garantia de apoio e unidade do império brasileiro. As patentes da Guarda Nacional substituíram os antigos titulos de nobreza e os homens importantes de todo o país passaram a vestir uniformes correspondentes a sua posição hierárquica no exército. Mas, não em combates ou manobras militares. Vestiam a farda nas datas festivas, procissões religiosas, eventos cívicos e quando faleciam. Mas, essa tradição também foi caindo no ridículo.
Em Catalão, um capitão da Guarda Nacional ousou desdenhar esse velho costume. Chamava -se Ricardo Paranhos. Escreveu que: “Não sei porque motivo teima o povo em me tratar de coronel. Já fiz, mais de uma vez, declaração de que não sou. Mas, pelo visto vou continuar sendo, apesar de meus protestos. Fui, aos dezoito anos de idade, nomeado capitão. Mas foram também nomeados, para outros lugares, 44 indivíduos analfabetos.
Eu me convenci de que, ser oficial da Guarda Nacional, não era distinção e lancei às urtigas a patente que me coubera (…) Naqueles tempos o oficial era obrigado a se fardar e eu me fardei. Que farda horrível! O boné era chato como prato e a sobrecasaca comprida como guarda-pó. Tudo preto, de maneira que um grupo de oficiais fardados dava ideia de um bando de urubus”.
O capitão Ricardo Paranhos ainda fez troça dos colegas oficiais que vestiam os uniformes todo amarrotados, que traziam embrulhados nas selas dos cavalos, dos que andavam marchando, eretos, como se tivessem engolido uma alavanca, dos que carregavam o andor na procissão como se estivessem prestando um grande serviço à pátria e muitos outros casos.
De qualquer forma, não obstante, os oficiais catalanos da Guarda Nacional fizeram a história do município, tanto nos períodos de tranquilidade, como nós de extrema violência.
Por Luís Estevam