História em Pedaços!
A Academia Catalana de Letras resgata que,
Em Catalão, a Festa do Rosário tem uma história muito sofrida, compartilhada pelas famílias negras que se dedicam ao cultivo dessa tradição. Não fossem elas, a Festa não existiria a não ser na memória dos antepassados.
Durante várias décadas a comunidade negra enfrentou a proibição de exercer a sua devoção em igrejas, até construir a sua própria. Em 1936 recebeu a doação de um terreno, feita por Enéas Fonseca, e foi erguendo vagarosamente a construção, com trabalho voluntário e pequenas doações de centenas de devotos.
Enquanto isso, as festas eram realizadas, ano após ano, na própria casa dos festeiros ou mesmo em lotes vagos pela cidade. Por fim, quando a igreja ficou pronta, a comunidade enfrentou a invasão comercial das barraquinhas que enfraqueceram bastante o sentido religioso das comemorações. No entanto, o mais importante é que, mesmo diante das dificuldades e desafios, a estrutura original da festa sobreviveu quase sem alterações: Irmandade, Família Real, General e Capitães, Caixeiros, Soldados, Conguinhos e Bandeirinhas.
A Irmandade continua sendo responsável pela manutenção da igreja do Rosário e pela realização da Festa. Elege uma comissão e um casal de festeiros cuja finalidade é a arrecadação antecipada de donativos. O Rei, por sua vez, sempre foi a figura principal do evento e cabe à Rainha transportar a coroa que simboliza a Senhora do Rosário, acompanhada pelos Príncipes e Princesas no percurso dos festejos. O General segue com a guarda da coroa e é responsável pelo ordenamento e disciplina de todo o desfile.
O Capitão cuida da organização de cada terno, geralmente comandados por dois capitães. Os Caixeiros sustentam o ritmo forte e pesado do batuque e os Soldados são foliões e brincadores. Conguinhos ficam no final da fila e geralmente são filhos e netos de congadeiros. Bandeirinhas são as meninas que abrem os desfiles, tradicionalmente moças virgens que dançam à frente do terno, cantando e carregando bandeiras.
Os ternos mais antigos de Catalão são: o Pio Gomes (1935), o São Francisco (1940), o da Congregação do Rosário (1942), o Santa Terezinha (1948), o Catupe N.S. Mercês (1953), o Vilão Santa Efigênia (1954), o da Mãe de Deus (1961), o Catupe Sao Benedito (1970) e o da Sagrada Família (1973).
Já o grupo Moçambique é um terno especial que remonta às raízes da Festa. Todo o procedimento na Entrega da Coroa, por exemplo, é feito pelo Moçambique, que não interrompe a batida e segue todos os passos tocando e cantando.
Em resumo, os catalanos têm uma dívida muito grande com a comunidade responsável pela Festa que tanto engrandece a cidade. Salve o Rosário!
(Luís Estevam)
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