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Três perguntas para…

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Gente boa do Blog, nossas três perguntas de hoje vão para o professor Wesley Garcia, ele disputou as últimas eleições para o governo de Goiás pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), ele atualmente milita em vários movimentos sociais da cidade de Valparaíso, entorno de Brasília, já morou em Catalão e inclusive já jogou no Clube Recreativo Atlético Catalano (CRAC).
Foto:Arquivo Pessoal
Como tem visto os governos de Bolsonaro no Brasil e de Ronaldo Caiado em Goiás, é só ataque a direitos conquistados e ameaças  aos trabalhadores, a educação  e as organizações sociais? 
1) As eleições de Ronaldo Caiado em Goiás pelo DEM representa um dos maiores retrocessos dos últimos anos. Um representante do agronegócio que defendeu a liberação de agrotóxicos na comida da população e foi contra a PEC do trabalho escravo. Um homem com histórico de ligação a União Democrática Ruralista que responde ainda por crimes no campo, dentre eles, a morte de Chico Mendes.
Já em seus primeiros meses de governo, Caiado demonstrou desprezo pela população, sobretudo os servidores públicos. Não pagou salários de dezembro e não devolveu gratificações como promessa de campanha. Na educação, recentemente, retirou a Educação de Jovens e Adultos e estuda meios de avançar com o processo degradante de militarização das escolas estaduais. A saúde está um caos. As Organizações Sociais são um meio de enriquecimento de poucos com o comércio instalado na saúde. Uma aberração que se mantém mesmo com todas as denuncias de ingerências e corrupções.Todavia, a eleição de Caiado não é um fato isolado e estanque. Segue uma tendência neoliberal de enfraquecimentos dos serviços públicos para se justificar as privatizações e terceirizações.
Assim, o povo elegeu Bolsonaro do PSL a frente do Palácio do Planalto. Jair Bolsonaro vem cumprindo sua agenda de medidas impopulares que afetam diretamente toda classe trabalhadora, retirando direitos e perseguindo lutadores sociais.  O que a mídia deu amplo destaque foi realmente a Reforma da Previdência, que obriga sob o falso pretexto de déficit um mecanismo que obrigará um trabalhador precisar contribuir por 40 anos para alcançar com a idade mínima o percentual necessário para uma aposentadoria integral. Mas para além desse bruto ataque , o governo de Bolsonaro acabou com Conselhos, desmentiu órgãos importantes como INPE quando nega desmatamento na Amazônia ou quando afirma não haver fome no país. Mais evidente fica seu programa elitizado ao nomear o filho para Embaixada estadunidense ou desrespeitar a memória do militante de esquerda que foi assassinado por militares durante a Ditadura de 1964, Fernando Santa Cruz. Bolsonaro se mostrou por inúmeras vezes ser racista, preconceituoso regional, misógino, homofóbico e intolerante.
E tem escolhido a dedo os personagens de pastas importantes do governo como o caso de Damares que chegou ao absurdo de imputar a falta de calcinhas a grande causa dos casos de violência sexual , sobretudo infantil , no Marajó. Sem citar a Educação com um projeto terrível conhecido como “future-se” que nada mais é que a entrada das Organizações Sociais dentro das Universidades Públicas.
Você acredita que é  possível haver a curto prazo uma reação  ou a sociedade  brasileira está fadada a conviver com esse autoritarismo e essa perda de direitos entre outros problemas?
A esquerda precisa se reunificar. Precisamos com urgência fortalecer os Movimentos Sociais como MST e MTST que lutam pelo direito social do uso da terra e da moradia. Reaproximar dos sindicatos e do movimento estudantil. Inserir esse debate nas associações de bairros, igrejas, clubes e qualquer local de organização social. Precisamos retomar o protagonismo das lutas e seguir o exemplo que vem sendo dado pela população indígena, LGBTIS, mulheres e negros. Movimentos que vem resistindo e lutando por um país realmente democrático e livre. Acredito no ser humano e na esperança de que sempre haverá uma luz e essa servirá de guia ao horizonte que buscamos. A partir das lutas sociais toda classe trabalhadora poderá ter condições de resistir a todos esses ataques de Caiado e Bolsonaro e, provavelmente, com organização e unidade de classe, sairemos mais forte e com um grande aprendizado. Nossa aliança precisa ser com o povo!
Você como professor e atuante militante de vários movimentos  sociais, onde a esquerda errou e porque houve essa opção pela direita no Brasil e em Goiás?
Essa guinada fascista e antidemocrática que tomou conta do país pode ser resultado direto de alguns erros históricos de parte da esquerda que tentou uma conciliação de classes. A elite nunca ganhou tanto durante os governos do PT, e essa mesma elite orquestrou o golpe de 2016 que retirou a presidenta Dilma Roussef mesmo sem comprovadamente crime algum. Após isso o Juiz Sergio Moro liderou processos e uma grande operação da Justiça brasileira para prender em segunda instância, ainda cabendo recurso, o ex-presidente Lula, principal nome que poderia derrotar a direita nas eleições. Com isso Bolsonaro chega ao poder e nomeia justamente o mesmo Moro Ministro de Estado, sendo acompanhado por um Congresso extremamente conservador e reacionário. Goiás fortalece políticas atrasadas como a eleição do Delegado Waldir.
A esquerda também errou quando não deu formação ao povo ou quando não soube trabalhar a unidade com o povo. Confiou nessa elite e sofreu um duro golpe. Goiás vive um atraso há décadas. O estado sempre foi governado por figuras nefastas que representam o coronelismo e a política oligárquica dos privilégios. Tanto que Marconi Perillo do PSDB após Maguito Vilela do MDB, continuou a mesma política de privatizações e terceirizações, inciada ainda em Iris Rezende também do MDB.
Por eles ainda passaram Alcides Rodrigues, José Éliton e agora Ronaldo Caiado. Todos, sem exceção, representantes de políticas para privilegiar uma pequena parcela da sociedade e destruir serviços públicos essenciais para aplicar suas privatizações. É o estado mínimo. Temos vários exemplos dos atrasos em Goiás como a privatização do BEG, venda da CELG , Subdelegações na SANEAGO, militarização dos colégios estaduais, Organizações Sociais na saúde, dentre tantas outras.