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Lava Jato: mensagens indicam que procuradores acatam pedido de Moro de afastar colega

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Atual ministro da Justiça, Moro é pivô de escândalo envolvendo Lava Jato - Créditos: Foto: Pedro França/Agência Senado

Em mais um capítulo dos vazamentos relacionados à Lava Jato, vem a público que houve uma discussão sobre alterar a escala de procuradores em audiências da operação após críticas do ex-juiz Sérgio Moro a Laura Tessler, uma das procuradoras do grupo. Os diálogos que envolvem, além do atual ministro da Justiça, os procuradores Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima foram divulgados nesta quinta-feira (20), pelo comentarista Reinaldo Azevedo em seu programa de rádio “O É da Coisa”, após acordo o site The Intercept.

A

s novas mensagens reveladas mostram que Dallagnol e Santos Lima, hoje aposentado, discutiram a escala das audiências após o coordenador da força-tarefa compartilhar com o colega mensagem de Moro tecendo críticas à procuradora Laura Tessler, conteúdo este que já havia sido revelado no último dia 9. Segundo consta, Moro teria escrito: “Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem.”Após compartilhar o conteúdo, Deltan teria argumentado: “Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela”. Em sequência, Santos Lima responde: “Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No [depoimento] do Lula não podemos deixar acontecer”. O atual procurador aposentado teria dito que apagaria a conversa de seu celular, a pedido de Deltan.

Dois meses depois da data que teria ocorrido o diálogo, em maio de 2017, o primeiro depoimento de Lula como réu em Curitiba acontece sem a presença de Tessler, mas com a participação do próprio Santos Lima, além de Júlio Noronha e Roberson Pozzobon, citados pelo colega nas mensagens.

Contradição

Na última quarta-feira (19), Moro compareceu a uma audiência no Senado Federal, onde foi questionado sobre a orientação relacionada a Laura Tessler. Sobre o tema, ele argumentou que isso era um factóide e que não se lembrava da mensagem específica.

“Em nenhum momento no texto, há alguma orientação de substituição daquela pessoa [Tessler]. Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando audiências e atos processuais até hoje dentro da Operação Lava Jato. Um juiz eventualmente recomendar para um advogado na audiência ou para um procurador: ‘Olha, profissionalmente, vou te dar um conselho, faça assim, não faça assado…’ Como isso pode ser considerado alguma coisa ilícita?”, supôs o ministro.

Em resposta ao jornal Folha de S. Paulo, o Ministério da Justiça, atual pasta comandada por Moro, disse que não reconhece a autenticidade do diálogo e que, mesmo se for verdadeiro, não há nada de ilícito ou de antiético; e que o ex-juiz não pediu a troca da procuradora Tessler. A força-tarefa da Lava Jato no Paraná afirmou que não vai comentar o assunto.

Confira o suposto novo diálogo obtido pelo site The Intercept:

Deltan Dallagnol: Recebeu a mensagem do Moro sobre a audiência também?

Carlos Fernando: Não, o que ele disse?

Deltan Dallagnol: Não comenta com ninguém e me assegura que teu telegrama não está aberto aí no computador, e que outras pessoas não estão vendo por aí que falo. Você vai entender porque estou pedindo isso

Carlos Fernando: Ele está só pra mim, depois apagamos o conteúdo 

Deltan Dallagnol: (reproduzindo a mensagem do moro) – Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem.

Carlos Fernando: Vou apagar, ok? 

Deltan Dallagnol: Apaga sim

Carlos Fernando: Apagado

Deltan Dallagnol:  vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão dois e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição sem mencionar ela

Carlos Fernando: Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer

Por Brasil de Fato