Bolsonaro, sobre os 80 tiros contra músico no Rio: “O Exército não matou ninguém”
“O Exército não matou ninguém, não”. Com essas palavras, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) comentou pela primeira vez nesta sexta-feira (12) a morte de Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, no Rio de Janeiro. Rosa foi assassinado pelo Exército no último domingo (7): o carro em que ele estava foi alvo de 80 tiros de fuzil – os soldados disseram ter confundido o carro com o de criminosos.
A frase foi dita por Bolsonaro durante a inauguração de um aeroporto em Macapá (AP). “O Exército é do povo, e não pode acusar o povo de ser assassino, não. Houve um incidente, uma morte”, acrescentou o presidente. “No Exército sempre tem um responsável”.
Bolsonaro havia se manifestado sobre o tema por meio do porta-voz, Otávio Rêgo Barros, na última terça (9), pedindo que o caso fosse esclarecido “rapidamente”.
Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, se manifestou apenas uma vez sobre o caso, de maneira genérica: “Lamentavelmente esses fatos podem acontecer”.
Relembre o caso
Militares do exército abriram fogo contra carro que carregava uma família na Zona Oeste do Rio no último domingo. Além de Evaldo, estavam no carro sua esposa, o filho de sete anos, uma amiga da família e o sogro, que também foi baleado.
A ação ocorreu no bairro de Guadalupe por volta das 14h40.
Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) afirmou que os militares agiram após um assalto ocorrido na região do Piscinão de Deodoro, e que os integrantes do carro teriam perpetrado “injusta agressão” contra as tropas antes de serem alvejados.
O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, deu declarações afirmando que “tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]”.
De acordo com uma lei sancionada em 2017, por Michel Temer, os assassinos de Evaldo serão julgados por uma corte militar.
Por Brasil de Fato