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Pela segunda vez em dois meses, temporal causa mortes e transtornos no Rio de Janeiro

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O temporal que atingiu o Rio de Janeiro na noite da última segunda-feira (8) causou, até o momento, dez mortes - Créditos: Centro de Operações Rio

O temporal que atingiu o Rio de Janeiro e região metropolitana na noite da última segunda-feira (8) causou, até o momento, dez mortes confirmadas. O Corpo de Bombeiros localizou, na tarde desta terça-feira (9), três corpos dentro do táxi que estava soterrado na Ladeira do Leme, atrás do Shopping Rio Sul, em Botafogo, zona sul do Rio. Tratam-se de um homem, uma mulher e uma menor de idade. Tudo indica que é o táxi onde estariam a astróloga Lúcia Xavier Sarmento Neves e sua neta, Julia Neves Aché. Desde o início da manhã a família tenta encontrar Lúcia e Julia sem sucesso.

Outras três ocorrências foram registradas no Morro da Babilônia, no Leme, zona sul da cidade, após um deslizamento de terras que matou duas irmãs, Doralice e Gerlaine do Nascimento, de 55 e 53 anos e Gilson Cesar Serqueiro dos Santos, um vizinho das vítimas que também teve a casa soterrada. Mais uma vítima fatal das chuvas no Rio foi Guilherme Fontes, de 30 anos. Seu corpo foi encontrado debaixo de um carro, no bairro da Gávea, também na zona sul da cidade. Já Leandro Ramos Pereira, de 40 anos, morreu eletrocutado dentro de casa, na zona oeste. Reginaldo da Silva morreu afogado em Santa Cruz, na Favela de Antares e no fim da tarde foi encontrado mais um corpo pelos bombeiros no bairro Jardim Maravilha, em Guaratiba.

Ao todo, 785 pontos do município ficaram sem energia. A Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil informou que na terça-feira (9) acionou 45 sirenes em 26 das 103 comunidades de alto risco geológico monitoradas pelo sistema de alertas sonoros da cidade. Os bairros que registraram o maior número de ocorrências foram Copacabana (18) ,Itanhangá (9), Leme e Campo Grande (8). Em São Conrado mais um trecho da ciclovia Tim Maia foi destruído.

Essa é a segunda vez em dois meses que a cidade registra vítimas fatais e destruição depois das chuvas. No início do mês de fevereiro, um forte temporal resultou na morte de pelo menos seis pessoas. As enchentes causadas pelas chuvas serão investigadas pela Câmara Municipal por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Sirene não tocou

Na manhã desta terça-feira (9) o prefeito Marcelo Crivella (PRB) concedeu uma coletiva de imprensa para tratar sobre a situação causada pelas chuvas na cidade. Segundo Crivella, a Defesa Civil irá visitar as comunidades onde os protocolos de segurança foram exigidos. O prefeito relatou que a sirene no Morro da Babilônia não foi acionada.

“O pluviômetro da Babilônia marcou 39 milímetros [a sirene é acionada com 45 milímetros]. É sempre bom lembrar que quando a sirene é acionada as pessoas saem de suas casas e vão para os abrigos. Na maioria das vezes, a sirene toca, as pessoas vão para o abrigo e não acontece nada. Então, numa proporção maior, o protocolo está funcionando. Em uma comunidade, deveríamos ter tocado com 39. Vamos estudar e ver como aperfeiçoar o nosso sistema”, explicou o prefeito.

Além das duas mortes confirmadas no Morro da Babilônia, um homem segue desaparecido. Após o temporal que matou seis pessoas em fevereiro, a prefeitura do Rio anunciou a revisão dos índices pluviométricos para o acionamento das sirenes em comunidades.  O valor foi reduzido de 55 milímetros por hora para 45mm/h.

Falta de manutenção 

De acordo com um levantamento realizado pelo jornal O Globo, até o momento, o município não investiu em manutenção de drenagem urbana da cidade e na contenção de encostas. Segundo o jornal, os R$ 8.297.106,09 pagos para as empreiteiras contratadas para os serviços de drenagem quitaram apenas faturas por serviços prestados principalmente no ano passado.  A reportagem aponta que durante todo o verão, a antiga Secretaria de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma), não autorizou  novas despesas entre janeiro e o início de abril deste ano.

Sobre a redução de investimentos de 2017 para 2018, o prefeito disse que o Rio poderia ter mais dinheiro se não tivesse que fazer o repasse para o governo federal. Segundo ele, perde-se muito recurso com o atual pacto federativo.

“O Rio de Janeiro, assim como outras cidades, sofre um confisco injusto que é o envio de tributos federais para Brasília, aqui se arrecadam R$160 bilhões por ano. Se por um ano pudéssemos ficar com o imposto de renda dos cariocas e das nossas empresas e também do IPI, poderíamos asfaltar 11 mil quilômetros de ruas, limpar 730 mil bueiros, 350 mil poços de visita, reformar 1.538 escolas. O Rio poderia ser uma cidade extraordinária sem nenhuma família vivendo em área de risco”, destaca.

Previsão

A previsão de chuva forte para esta terça-feira (9) permanece. Segundo o Centro de Operações do Rio, a cidade segue em estado de crise. A chuva moderada continua na região central e na zona norte. A chuva intensa pode ocorrer na Barra da Tijuca e zona sul com deslocamento para o município de  Niterói, na região metropolitana.

O governo do estado decretou ponto facultativo, escolas das redes municipais do Rio e Niterói não vão funcionar, assim como universidades e colégios particulares.

Devido aos transtornos no trânsito a recomendação é que as pessoas apenas saiam de suas casas em casos urgentes e deem preferência ao transporte público.

Por Brasil de Fato