Judiciário substituiu os tanques, diz Stedile sobre os golpes na América Latina
A prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que está prestes a completar um ano; a nova anatomia dos golpes americanos no mundo e na América Latina, cujo exemplo mais pujante é o da Venezuela e a reforma da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Para Stedile, a prisão de Lula é resultado da submissão da burguesia do país aos Estados Unidos, interessados no controle do petróleo brasileiro. “Quando nós descobrimos o pré-sal, os Estado Unidos vieram com tudo para destruir a Petrobras, para trocar o governo e ter acesso a essa riqueza que ainda move as energias de todo o mundo”.
“O Lula é mais que um preso político, ele foi sequestrado pela burguesia brasileira subordinada aos interesses dos Estados Unidos”, concluiu ele sobre o tema.
A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) também comentou o tema: “o que se passa no Brasil e no mundo inteiro é que estamos diante de uma guerra financeira e econômica por poder, e nós somos o alvo”, disse ela. “O Brasil é um país importante pelas riquezas que tem, assim como a Venezuela. A Venezuela sofre o que sofre não porque [os EUA] são contra Maduro ou porque acham que lá é uma ditadura, mas pelas riquezas que tem. É a maior reserva de petróleo do mundo”.
“Desde 1948, 41 golpes na América Latina foram patrocinados pelos Estados Unidos, 17 com intervenção militar”, comentou o também ex-senador Lindbergh Farias (PT), citando informações da ReVista, publicação da Universidade de Harvard sobre a América Latina.
“Não são mais os tanques, agora eles usam o poder judiciário”, pontuou Stedile.
Reforma da Previdência
O programa também abordou o tema da PEC da Previdência, prioridade do governo Bolsonaro, que quer aprovar a proposta ainda no primeiro semestre do ano, apesar da resistência por parte da sociedade civil e da oposição parlamentar.
“O que eles chamam de Reforma da Previdência, na verdade, se chama ‘como acabar com a aposentadoria do pobre’. Guedes tem sido didático dizendo que o objetivo é pegar um trilhão e jogar para os bancos”, comentou João Pedro.
“O que está por trás dessa reforma é acabar com a aposentadoria pública e jogar os trabalhadores – sobretudo aqueles com um pouquinho mais de renda, como os professores universitários, bancários, petroleiros – para uma previdência privada administrada pelos bancos. E os mais pobres vão para a sarjeta”, completou.
Por Brasil de Fato