Ofensiva: GM demite 4 mil nos EUA e fala em reajuste zero no Brasil
A General Motors iniciou a semana com uma torrente de más notícias para seus trabalhadores no Brasil e nos Estados Unidos. Em um processo de restruturação produtiva internacional para aumentar seus lucros à custa da mão de obra, a montadora informou na segunda-feira (4) que demitiu 4 mil funcionários de unidades norte-americanas. Já na fábrica brasileira de São José dos Campos (SP), a GM propôs nesta terça (5) que não haja reajuste salarial em 2019.
A demissão em massa deve totalizar 8 mil trabalhadores – cerca de 1.500 funcionários já foram limados em dezembro passado. Além disso, conforme autoridades locais, mais de 2.300 funcionários aceitaram pacotes de compensação – uma espécie de programa de estímulo à demissão voluntária.
No Brasil, a chantagem contra a categoria é intensa e permanente. Em 23 de janeiro, a GM ameaçou deixar o País caso suas reivindicações na área trabalhista não sejam atendidas. Entre outros retrocessos, a empresa propôs a redução do piso salarial, o aumento da jornada semanal de trabalho (de 40 para 44 horas), a terceirização de todas as atividades, a implantação da jornada intermitente, o fim do pagamento de horas extras e a extinção da estabilidade para trabalhadores lesionados.
O ataque aos trabalhadores da planta de São José dos Campos, no interior paulista, avançou com a proposta de reajuste zero em 2019 – que seria seguida de aumento de 60% da inflação em 2020 e reposição total pela inflação apenas em 2021. Para disfarçar tamanho abuso, a GM daria um abono salarial de R$ 2.500 em 2019 e outro ainda menor, de apenas R$ 1.500, em 2020.
O Sindicato dos Metalúrgicos da região já realizou seis rodadas de negociações com a montadora. Nesta quarta-feira, uma assembleia da categoria vai pôr a proposta da empresa em votação. A GM alega que teve três anos seguidos de prejuízo no Brasil, mas omite tanto o cenário de recessão no País (2005-2006) quanto o apoio das montadoras ao fracassado governo ultraliberal de Michel Temer.