Bolsonaro abusa de bordões e recebe elogios de Trump
Discursos de posse do presidente tiveram forte viés ideológico.
Em seu discurso carregado de pregação ideológica de extrema direita, Bolsonaro prometeu que país será “forte, pujante, confiante e ousado”, sem explicar como será possível cumprir a promessa com sua agenda regressiva ultraliberal e neocolonial. Segundo ele, sua equipe foi montada “de forma técnica”, mas uma negação da realidade. Bolsonaro também disse que o atentado sofrido por ele em setembro, em Juiz de Fora (MG), foi de autoria de “inimigos da pátria, da ordem e da liberdade”, contrariando a conclusão da Polícia Federal.
Bolsonaro falou também de um novo papel para as escolas, que devem “preparar para o trabalho” e “não militância política”, outro ponto carregado de viés ideológico de extrema direita. Outra questão dessa ideologia é o uso de armas, para ele um direito do “cidadão de bem”, que “merece dispor de meios para se defender”. Pediu ao Congresso Nacional “respaldo jurídico” para a ação policial.
Entre os presentes à cerimônia, estavam chefes de Estado como o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Bolívia, Evo Morales. Também compareceram dois ex-presidentes da República: Fernando Collor e José Sarney. As bancadas parlamentares do PT, PCdoB e PSOL se ausentaram.
No Palácio do Planalto, após receber a faixa de Michel Temer, Bolsonaro discursou no Parlatório, que fica diante do palácio. Mais uma vez, ele repetiu bordões de extrema direita, como livrar o Brasil do socialismo, e prometeu combater o “gigantismo estatal”, além de “desideologizar” a política externa. Num tom belicoso ainda mais acentuado, Bolsonaro segurou o estandarte do país e afirmou que a bandeira brasileira só será vermelha se “for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela”.
Donald Trump e Evo Morales
Os festejos da posse contabilizaram o menor número de delegações estrangeiras em cerimônias de primeiro mandato em quase três décadas. Neste ano, 46 delegações estrangeiras vieram à capital federal, segundo informou o Itamaraty. Desses, dez vieram lideradas por seus chefes de Estado ou governo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou o discurso de Bolsonaro. Em sua conta oficial no Twitter, Trump escreveu “parabéns ao presidente Jair Bolsonaro quem acabou de fazer um grande discurso de posse – os EUA estão com você!”. A mensagem foi postada minutos após o término do discurso feito por Bolsonaro ao ser diplomado na Câmara dos Deputados. Bolsonaro agradeceu, também via Twitter, em inglês a mensagem de Trump. “Caro Sr. presidente Donald Trump, eu realmente aprecio suas palavras de encorajamento. Juntos, sob a proteção de Deus, devemos trazer prosperidade e progresso ao nosso povo!”, escreveu.
O presidente brasileiro tinha um encontrado marcado com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, logo após a posse. O enviado de Trump viajou encarregado de liderar a delegação norte-americana que está em Brasília. Pompeo também iria se encontrar com o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Outro destaque internacional ficou por conta do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que se encontra no Brasil há cinco dias. Ele contou que Bolsonaro lhe reafirmou o compromisso de mudar a embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém, o que representa o reconhecimento, pelo governo brasileiro, da reivindicação israelense sobre a cidade, contrariando frontalmente setores importantes das nações árabes.
O Presidente da Bolívia, Evo Morales, presente na cerimônia de posse de Bolsonaro, considerou, em declarações à agência de notícias portuguesa Lusa, que o seu país e o Brasil são “parceiros estratégicos” que procuram “o mesmo horizonte de pátria grande”. Ele manifestou no Twitter a sua “convicção de que as relações entre a Bolívia e o Brasil têm raízes profundas de laços de irmandade e complementaridade” dos dois povos. “Somos parceiros estratégicos que têm em vista o mesmo horizonte da Pátria Grande”, afirmou.