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51% das mulheres ainda não decidiram em quem votar para presidente

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Falta de representatividade, maior cautela na hora do voto e pragmatismo definem o eleitorado feminino em 2018. As mulheres são a maioria dos eleitores (52%) e terão um peso maior nestas eleições, não apenas por serem 2% a mais do que os homens, mas porque metade delas ainda não definiu o seu candidato à presidência da República faltando duas semanas para o primeiro turno.

Por Verônica Lugarini

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Historicamente, as mulheres são as últimas a definirem seus candidatos, mas nestas eleições o percentual de indecisas cresceu, chegando a 51%.Historicamente, as mulheres são as últimas a definirem seus candidatos, mas nestas eleições o percentual de indecisas cresceu, chegando a 51%.

Apesar da indefinição das mulheres nas eleições brasileiras ser histórica – em 2014, o patamar era de 34% – nas eleições de 2018 esse número subiu 17%, faltando apenas 12 dias para o primeiro turno.

Isso é o que aponta a pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (26). Ao responder de forma espontânea à pergunta “em quem você vai votar?”, 38% das mulheres afirmaram ainda não saber ou pretender votar nulo ou branco (13%), o que corresponde a 39,4 milhões de eleitoras e totaliza 51% entre elas.

Na comparação com o eleitorado masculino, isso significa que para um homem sem candidato, há duas mulheres na mesma situação. Esse dado é reflexo de características particulares da personalidade das mulheres, mas também de movimentos externos.

No âmbito pessoal, as mulheres são mais cuidadosas ao escolher seu candidato à presidência. Segundo Fátima Pacheco Jordão, socióloga e especialista em pesquisa de opinião, isso acontece porque o eleitorado feminino, além de cauteloso, também está em contato com o dia a dia, sabendo qual a realidade e as necessidades delas e do país.

“As mulheres são um segmento que não tem traquejo da informação eleitoral, mas conhecem bem a feira e o supermercado. Então, são duas realidades que o Brasil ainda não aprendeu a articular nas campanhas. Os partidos têm poucas mulheres e isso deixa os partidos desconectados com a sociedade porque essa conexão se dá justamente daquilo que entra do marketing de campanha porque o marketing se baseia na opinião das pessoas e as mulheres que levam a vida real para a mesa de debate político”, explicou a especialista em entrevista ao El País.

Segundo Fátima, os indecisos chegam a 15% na última semana. Desses, quase 70% são mulheres de baixa renda. O mesmo constatou o jornal O Globo ao analisar o perfil socioeconômico na pesquisa.

O levantamento revelou que 45,3% das mulheres moram no Sudeste e 54% ganham até dois salários mínimos por mês. Ou seja, quanto menor a renda, maior o número de mulheres que não indicaram um nome na pesquisa espontânea do Datafolha.

Com isso, do total de mulheres indecisas ou que votarão branco ou nulo, 87% têm renda mensal de até cinco salários mínimos. São poucas as que ganham entre cinco e dez salários (4,6%) e menos ainda as que estão na maior faixa de renda, com ganho mensal superior a dez mínimos (1,6%), afirmou pesquisa.

Este grupo de mulheres é 27% de todo o eleitorado, uma parcela representativa que poderá definir quais candidatos irão para o segundo turno.

Em relação as questões externas, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) é o que enfrenta maior aversão do público feminino pela falta de identificação, mas principalmente pelo discurso que beira à misoginia.

Um dos casos mais conhecidos foi o ocorrido em 2014, quando Bolsonaro ofendeu a parlamentar Maria do Rosário ao dizer que ela não merecia ser estuprada por ser ‘muito feia’. Ele foi condenado pela Justiça e obrigado a indenizar a deputada.

Em entrevistas recentes, o candidato também já declarou que, caso eleito, o governo não irá implementar políticas para garantir a igualdade de salário entre homens e mulheres. E chegou, inclusive, a dizer em 2016 que “não empregaria [mulheres e homens] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente”, falou em entrevista à apresentadora Luciana Gimenez, na RedeTV!. Ele também chegou a chamar Dilma Rousseff de homossexual: “se teu negócio é amor com homossexual, assuma”.

Além disso, na última semana, o vice candidato na chapa presidencial de Bolsonaro, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), disse que lares apenas com “mãe e avó” são “fábrica de elementos desajustados”, causando revolta nas redes sociais.

Enquanto esse tipo de declaração continua acontecendo, as mulheres se mobilizam nas redes sociais por meio da #EleNão. O grupo “Mulheres contra Bolsonaro” já tem mais de 3 milhões de integrantes.

Para Fátima Pacheco, nunca houve uma discrepância de gênero tão grande, com homens votando de um jeito e mulheres votando de outro. Segundo ela, isso é reflexo do papel das redes sociais no compartilhamento da informação e na configuração da percepção da população sobretudo de mulheres.

Região

Na radiografia por região, o Nordeste vem em segundo lugar (26,4%), acima da região Sul (14,2%), e das regiões menos populosas, Norte (7,6%) e Centro-Oeste (6,3%). Se observado o grau de urbanização das cidades onde as “sem voto” estão, a pesquisa indica que 60% estão no interior e 40% nas capitais e outros municípios de regiões metropolitanas.

Do Portal Vermelho