Mesmo com recuo, greve dos petroleiros cumpriu seu objetivo
Diretor de comunicação da FUP, Gerson Castelano, afirmou que houve um recuo estratégico para uma greve por tempo indeterminado. Para ele, seguir com greve agora poderia inviabilizar lutas maiores.
Gerson Castelano contou que a decisão da Justiça de aumentar a multa aplicada aos sindicatos que aderiram a greve fez com que os petroleiros mudassem a estratégia. A multa, que havia sido estimada em R$ 500 mil, passou para R$ 2 milhões por dia.
Você pode explicar porque os petroleiros decidiram encerrar a greve?
Gerson Castelano – Isso frustra um pouco todos que estavam lutando, entendendo que nós precisávamos fazer uma grande resistência, neste momento. Nós avaliamos todos os cenários possíveis. Mas essa decisão [da Justiça] contra o sindicato de aumentar uma multa de R$ 500 mil para R$ 2 milhões nos obrigou a avaliar a situação com muito critério, porque, isso poderia inviabilizar as nossas lutas maiores.
É importante lembrar que esta era uma greve apenas de advertência, deixamos claro isso, desde o começo. Advertência essa que até causou um efeito. Caiu um conselheiro ligado a Shell, o governo já está querende discutir a política de preços, mas, evidente que eles não cederiam aos nossos principais pontos que são: retirar o Pedro Parente e fazer uma discussão mais aprofundada sobre o preço dos derivados.
Mas, nós avaliamos que a greve cumpriu o seu objetivo e diante do que temos pela frente, que é uma greve por tempo indeterminado, nós corrermos o risco de ter nossos sindicatos interditados por questões financeiras seria muito perigoso. Esse recuo é estratégico.
Você pode falar um pouco mais sobre a queda do conselheiro da Petrobras e também abordar o pedido de abertura de CPI?
A gente entende que tivemos vitórias. Como eu já disse, o conselheiro que caiu, tem uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para ser discutida sobre o Pedro Parente. Que história é essa de existirem alguns milhões que foram para o banco no qual ele trabalhava antes? A gente jogou a luz para a sociedade, entre a mobilização que tiveram os caminhoneiros e a nossa greve, a discussão sobre o que é a Petrobras e a quem ela presta contas. É para o mercado ou para a sociedade? É para o governo, o maior acionista, ou para os grandes fundos que investem nela?
Fonte: Brasil de Fato