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Em quarto dia de greve, caminhoneiros param o país e encurralam governo Temer

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Desde segunda-feira (21), caminhoneiros fazem bloqueios em rodovias das cinco regiões do Brasil - Créditos: Marcelo Pinto/APlateia
Desde segunda-feira (21), caminhoneiros fazem bloqueios em rodovias das cinco regiões do Brasil / Marcelo Pinto/APlateia

Entrando no quarto dia de greve, os caminhoneiros ampliaram os bloqueios de rodovias pelo país. Nesta quinta-feira (24), já são 450 pontos de protestos em 25 estados das cinco regiões do Brasil, segundo a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), uma das principais entidades envolvidas na paralisação.

Os caminhoneiros exigem a redução no valor do óleo diesel através da definição de uma nova política de preços, que hoje é determinada de acordo com a variação do preço do petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar. Em dezembro do ano passado, o diesel ultrapassou a casa dos R$ 4 e, de la pra cá, vem sofrendo reajustes contínuos que, segundo o governo, respondem à alta do preço internacional do petróleo e da moeda americana.

A categoria reivindica ainda a isenção do pagamento de pedágio para eixos suspensos, ou seja, quando o caminhão estiver vazio, e a criação de um marco regulatório para os caminhoneiros.

Pressionado pelos efeitos da paralisação, o governo golpista de Michel Temer decidiu reduzir em 10% o preço do diesel e suspender por 15 dias a política de reajustes. No fim da noite desta quarta-feira (24), a Câmara dos Deputados aprovou a reoneração da folha de pagamento e zerou o PIS/Confins sobre o diesel até fim do ano. O tributo federal é um dos que incidem sobre o preço dos combustíveis. O projeto ainda precisar ser aprovado pelo Senado. Segundo o governo, as medidas anunciadas poderiam gerar um corte ao caminhoneiro de cerca de R$ 0,53.

Para os representantes da categoria, as medidas anunciadas ainda são insuficientes. Em nota, a CNTA afirmou que já ‘havia feito esse alerta, no dia 16 de maio, junto ao governo federal, mas nenhuma medida foi tomada para evitar a paralisação dos caminhoneiros”.

A confederação ainda afirma que tem recebido um forte apoio da população que “também sente no bolso os reajustes diários dos combustíveis, praticados pela Petrobras”. Por isso, prometem seguir com os protestos.

Impactos

A paralisação dos caminhoneiros tem efeitos sobre vários setores, principalmente no abastecimento de combustíveis e alimentos, altamente dependentes do transporte rodoviário. Segundo a CNTA, já há desabastecimento de combustíveis nos postos do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Tocantins. Estados como o Ceará, Sergipe e Pará sofrem com a falta de alimentos hortifrutigranjeiros e alguns supermercados estão com estoques reduzidos.

Os Correios anunciaram que vão suspender temporariamente as postagens de encomendas com dia e hora marcados. Outros setores como indústrias, cooperativas e montadoras estão tomando medidas para minimizar o desabastecimento.

A prefeitura de São Paulo, maior cidade do país, anunciou que 40% da frota de ônibus não circularia nesta quinta-feira (24). Também foi suspenso o rodízio de carros na capital paulista. Filas de carro são registradas nos postos de gasolina.

Outras capitais, como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife também se viram obrigadas a reduzir as frotas de ônibus do transporte público por conta do desabastecimento de combustíveis.

A Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou que o país deixou de exportar 25 mil toneladas de carne de frango e suínos nos primeiros três dias de greve.

Segundo a agência Reuters, as empresas aéreas que operam no país já começaram a adotar planos de contingência para enfrentar o desabastecimento de combustíveis. Um relatório da Infraero divulgado nesta quarta-feira (23) alertava para a falta de combustíveis em aeroportos de diversas capitais, entre eles, o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o mais movimentado do país.

A Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) alertou sobre a possibilidade de, nas próximas horas, ocorrerem atrasos e cancelamentos de voos devido à falta de combustível.

Adesão

Outras categorias ligadas ao transporte autônomo avaliam se somar à greve dos caminhoneiros para pressionar o governo a reduzir também o preços de outros combustíveis, como a gasolina, que, em cidades como Brasília, chega a quase R$ 10.

Motociclistas fecharam a Estrada Parque Taguatinga, no Distrito Federal, na manhã desta quinta-feira (24), provocando um engarrafamento de mais de seis quilômetros. Em São Paulo, o SindimotoSP (Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas Intermunicipal do Estado de São Paulo), marcou um protesto para esta sexta-feira (25).

Segundo Gilberto Almeida dos Santos, presidente do SindimotoSP, a manifestação estava marcada para o dia 29, mas foi antecipada devido ao forte apelo dos trabalhadores da categoria. “Todo mundo quer parar”, afirmou o dirigente.

“A gente é contra essa política predatória da Petrobras. Nos últimos 12 meses, a gasolina subiu praticamente 40%. E nós, como pais de família, cidadãos e pagadores de impostos, a gente quer o mesmo benefício que foi dado para o diesel [também] para os trabalhadores que utilizam a motocicleta como sua ferramenta de trabalho”, declarou.

Além dos motociclistas, taxistas e motoristas de vans escolares também avaliam aderir aos protestos. Uma reunião entre representantes do setor e o agendada para as 14h desta quinta-feira (24).

Ilustrações: Fernando Bertolo

Brasil de Fato