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Mercadante: Temer quer 40% do ensino médio na iniciativa privada

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A reforma do ensino médio, aprovada em 2017, também abriu a brecha ao ensino online — possibilidade vetada anteriormente. O golpe do governo federal vem depois de Temer cortar dinheiro para a Educação.

“Esta proposta vai contra tudo que vinha sendo construído para o fortalecimento e a recuperação do ensino médio. Também representa a entrega de 40% da parcela que é destinada ao ensino médio dentro do Fundeb, que tem uma projeção de R$ 140 bilhões, neste ano”, explicou Mercadante.

O ex-ministro reforçou que o ensino médio é considerado o maior desafio da educação brasileira. “Com 87% das matrículas concentradas nas redes estaduais e com um currículo enciclopedista, que dialoga pouco com a diversidade de interesses dos estudantes, o ensino médio apresenta os piores resultados nos indicadores de qualidade na educação, como no caso Ideb”, afirma.

Ao comentar sobre a decisão do governo em colocar 40% do ensino médio à distância, Mercadante afirmou que Temer coloca os estudantes na contra-mão.

“O modelo de excelência do ensino médio é oposto a estas imposições arbitrárias. São exatamente as escolas de tempo integral, como os Institutos Tecnológicos Federais, que no último exame do Pisa, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, para jovens de 15 anos, implementado pela OCDE, em 2015, se fossem considerados um país, ficariam em 2º lugar em Linguagem, 11ª em ciências e 30º em matemática, entre os 70 países mais ricos do planeta”, destacou.

Mercadante lembrou ainda que a escola é um ambiente do conhecimento, do convívio com a diversidade, da cultura e da formação, tendo como complementação da formação o ensino das artes e educação física.

“A escola, especialmente nesta faixa etária, deve preparar para a vida em um sentido amplo, familiar, social e profissional. Especialmente em um momento como este, com a violência e as drogas tão presentes nas periferias das grandes cidades, a exclusão da escola é um imenso e perigoso retrocesso. Com essa proposta do governo Temer, o que estará vigente será o esvaziamento do ambiente escolar”, enfatizou.

Para ele, Temer reduz a jornada obrigatória do currículo, que é de 2,4 mil horas, para 1,8 mil horas, uma redução maior do que estava prevista na proposta anterior da Base Comum.

“Além disso, as únicas disciplinas obrigatórias são o português e a matemática. A mudança proposta pelo governo Temer reduz os direitos de aprendizagem dos estudantes ao que couber nas 1,8 mil horas”, destaca Mercadante, dizendo ainda que não se trara de ser contra as novas tecnologias digitais na educação, que é fundamental no ensino à distância.

“Acontece que essas novas tecnologias devem ser utilizadas como complemento das escolares, ou seja, para aprimorar a relação professor-aluno, a participação e enriquecer a jornada escolar, não para tirar os alunos da escola. E o pioro na proposta de Temer é que tudo isso é proposto sem o devido controle de qualidade e com um forte processo de privatização da educação”, apontou.

De acordo com Mercadante, a visão neoliberal do estado mínimo e de privatização dos serviços públicos está sendo implantada, também no ensino médio, com estas medidas. “Esse é o plano de fundo dessa proposta, que permitirá que os 40% do ensino médio a distância sejam oferecidas pela iniciativa privada”.

 

 

Portal Vermelho