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Desemprego em 12,2%: “Estabilizamos no inferno”, diz economista

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Reprodução do portal CNM

 

De acordo com dados da Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE nesta quarta (28), no trimestre de novembro de 2017 a janeiro de 2018, 12,7 milhões de pessoas estavam desocupadas no país.

Em relação ao trimestre anterior, que vai agosto a outubro de 2017, não houve mudança na taxa de desemprego, que já era de 12,2%. O resultado mais recente é um pouco menor, na comparação com o mesmo período do ano anterior, que registrou um percentual de 12,6%.

Além de escassas, as novas vagas continuam sendo criadas na informalidade. Frente ao trimestre anterior, o número de trabalhadores com carteira assinada, 33,3 milhões pessoas, ficou estável. Mas caiu 1,7%, quando comparado com o mesmo trimestre de 2017. Significa que 562 mil postos de trabalho formal foram fechados.

Os números de empregados sem carteira de trabalho assinada e de trabalhadores por conta própria também ficaram estáveis em relação ao trimestre anterior. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2017, mais 581 mil pessoas foram lançadas na informalidade, um crescimento de 5,6%, e outras 986 mil pessoas passaram a trabalhar como autônomas, numa alta de 4,4%.

Os números são piores que o esperado pelo mercado. A expectativa média de 20 analistas consultados pelo jornal Valor Econômico era de que a taxa de desemprego do trimestre fosse de 12%, ou seja, de 0,2 ponto percentual a menos que a realidade apurada pela Pnad.

De acordo com o IBGE, estimado em R$ 2.169, o rendimento médio ficou estável no último trimestre.

“A interpretação correta é de que o mercado de trabalho estabilizou num ponto muito ruim. Não há uma recuperação em curso, mas o quadro parou de piorar. Só que o desemprego está estabilizado em um nível muito alto, e a renda está estabilizada num nível muito baixo”, analisa André Calixtre.

De acordo com ele, a pesquisa aponta que as mudanças na legislação trabalhista não surtiram o efeito propagandeado pelo governo. “Uma promessa da reforma trabalhista era que ela iria reduzir o contingente de informais, e isso não aconteceu. Ela não atacou o aumento da informalidade que houve no auge da crise, em 2016 e 2017, e não está tendo efeito positivo sobre o mercado de trabalho”, constatou.

Na sua avaliação, as novas modalidades contratuais que foram criadas pela reforma, como o trabalho intermitente, na prática, não estão sendo aplicadas. “O que acontece é que estão, na verdade, aumentando brutalmente as demissões e ampliando as tercerizações – que são a pior forma de contratação para o trabalhador. A informalidade deu um salto no ano passado, e a reforma trabalhista não resolveu esse gargalo estrutural, ao mesmo tempo em que não trouxe mais empregos”, diz Calixtre.

O economista Paulo Kliass tem opinião semelhante. Ele também observa que o desemprego continua em patamares muito elevados e que os ensaios de recuperação da atividade que se fazem sentir acabam criando atividades de baixa remuneração e sem vínculo formal de trabalho.

“Ou seja, são trabalhadores sem registro em carteira e sem recolhimento de contribuição previdenciária. É o suprassumo da precariedade, algo que não deve ser comemorado, pelo contrário”, critica.

De acordo com Kliass, em razão da política de austeridade fiscal, o Brasil está enfrentando uma das piores crises de sua história, com a mais profunda e longa recessão econômica.

“Isso provocou a explosão do desemprego e a falência de empresas de todos os setores, com exceção dos bancos e instituições financeiras. Mas, com a flexibilização da CLT aprovada pelo governo Temer, a retomada das atividades está sendo realizanda pelo lado da informalidade no mercado de trabalho”, lamenta.

Além disso, ele sublinha que, como a recessão se estendeu, a média da capacidade ociosa das empresas está muito elevada. “Com isso, elas optam por atender aos novos pedidos sem contratar novos trabalhadores para tal tarefa”, coloca.

O fraco desempenho do mercado de trabalho reforça a ideia de que o gera empregos é uma economia pujante, não a precarização do mercado de trabalho. A poucos meses de eleição presidencial, os dados do IBGE podem afetar o tom otimista do governo pró-mercado de Michel Temer, que tentava compensar na economia a sua impopularidade recorde.

 Do Portal Vermelho