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Espírito Santo, Minas e São Paulo querem forças federais e militares

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Após a introdução das forças armadas no comando da Segurança Pública do Rio, os Estados que formam divisas com o estado fluminense tentam aproveitar a presença dos militares para as seguranças locais, sob a desculpa fronteiriça.

Isso porque a competência para fiscalizar a segurança nas fronteiras do país é federal. Mas a atuação está indo além: os secretários de Segurança de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais decidiram se reunir com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, nesta quarta-feira (21), para verificar até onde mais a colaboração pode chegar.

Sob a alegação de que, com a contenção acirrada, a entrada das forças armadas no Rio poderia gerar um desvio da criminalidade para as outras três regiões, o próprio secretário de Segurança do Espírito Santo, André Garcia, chegou a dar essa justificativa a jornais: de que os crimes podem se espalhar, com a “migração de modalidades criminosas”, entre elas o roubo de cargas, a explosão de caixas eletrônicos, etc.

Nesta terça-feira, o Planalto divulgou em nota a realização de uma “grande operação conjunta”, desencadeada nas divisas do Estado do Rio. Para a mobilização, atuaram mais de 3 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica, além de policiais civis, a polícia rodoviária federal e a Força Nacional de Segurança.

A atuação foi com pontos de bloqueio e fiscalização nas vias de acesso ao Rio. Apesar de não integrar diretamente o decreto de Temer assinado na última semana e aprovado pelo Congresso nesta, a medida foi justificada como parte de outro decreto do mandatário: o da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) como apoio ao Plano Nacional de Segurança Pública, assinado em julho do ano passado.

“O efetivo tem apoio de aeronaves e veículos blindados. A operação é uma forma de tentar prender quem estiver fugindo do Rio, além de impedir a entrada de armas e drogas”, informou, ainda, a Secretaria de Segurança do Estado (Seseg).

O Comando Militar do Leste, que traz o general Braga Netto como o novo comandante da Segurança do Rio, também informou em nota que a medida realizada no início desta semana não era decorrente da intervenção, mas uma consequência das medidas da GLO definidas por Temer no ano passado.

Mas se aquela atuação foi argumentada pelo decreto de 2017, a reunião dos secretários de Segurança dos três Estados com o ministro da Justiça de Michel Temer indica que a preocupação dos governos estaduais pretende se apropriar da medida federal no Rio e, dentro dos limites que puderem, repetir a atuação de intervenção ou, pelo menos, das forças armadas e federais nos Estados.

Nesse mesmo contexto, o governo do Espírito Santo decidiu reforçar o patrulhamento na divisa com o Estado fluminense, para impedir o que acredita de possível fuga de criminosos. Da mesma forma como a nível federal, ainda que sem recursos suficientes, o Estado pretende gastar cerca de R$ 1 milhão por mês, em atuação que deve durar, pelo menos, dois meses e meio.

Pelos cálculos, e se o tempo ainda não for maior, Espírito Santo deve desembolsar R$ 2,5 milhões para a ação. “Se for necessário durar pelo tempo que durar a intervenção no Rio de Janeiro, a operação será prorrogada”, disse o secretário de Segurança André Garcia. Nesta hipótese, os gastos chegariam a R$ 10 milhões.

De acordo com Garcia, a reunião teve o intuito de verificar o efetivo das forças de seguranção que estão no Rio para atuarem nas divisas, ou seja, nos outros três Estados do Brasil. Além disso, assumiu diretamente que o decreto de intervenção federal de Temer seria debatido com os demais representantes de segurança estaduais.

André Garcia ainda anunciou a sugestão, dada ao ministro da Justiça de Michel Temer, de criar um canal de troca de informações, em tempo real, junto aos serviços de inteligência dos interventores no Rio com as secretarias dos Estados de Minas, Espírito Santo e São Paulo, uma medida claramente centralizadora sobre o tema de Segurança Pública regional.

“As informações de movimentação [de criminosos] no Rio de Janeiro nos darão indícios do que pode vir a acontecer aqui no Estado. Qualquer informação sobre a movimentação de grupos ou lideranças criminosas é importante”, afirmou. “O trabalho de inteligência é determinante para mudarmos inclusive o planejamento. Em uma ação como esta, não tem que haver burocracia”, completou Garcia.

 Fonte: GGN