Análise | 2017: um ano com mais derrotas do que vitórias para operadores da Lava Jato
O ano que está prestes a terminar teve mais derrotas do que vitórias para os operadores da Lava Jato.
Em janeiro, ficou claro que Michel Temer (PMDB) estava disposto a “estancar a sangria”. Após a morte do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, o presidente golpista indicou Alexandre de Moraes para a Corte. Moraes era ministro da Justiça, e precisou se desfiliar do PSDB para assumir o cargo.
Temer também mudou o comando da Procuradoria-Geral da República(PGR) e da Polícia Federal (PF). Em nenhum dos casos, escolheu o profissional mais votado pelos colegas. Pelo contrário, colocou dois nomes de sua confiança: Fernando Segóvia, na Polícia Federal, e Raquel Dodge, na PGR. Para completar, o golpista distribuiu emendas bilionárias no Congresso Nacional e conseguiu barrar duas denúncias que poderiam derrubá-lo.
No segundo semestre do ano, o resultado desastroso da operação Ouvidos Moucos chamou a atenção para o risco das violações popularizadas pela República de Curitiba. Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, se suicidou após a prisão arbitrária ordenada por uma ex-delegada da Lava Jato, Érika Marena.
Em seguida, explodiu a “bomba” de Tacla Durán: o ex-advogado da Odebrecht que acusou Carlos Zucolotto Jr., amigo pessoal do juiz Sérgio Moro, de cobrar propina para negociar acordos de delação.
De nada adiantou o lançamento de um filme sobre a Lava Jato, nem o apoio diário da mídia comercial. A ofensiva contra o ex-presidente Lula e os sinais cada vez mais evidentes de partidarização da operação custaram caro. Nas duas passagens do petista por Curitiba, para prestar depoimento, os gritos de ódio foram abafados por manifestações de solidariedade.
Condenado por Moro sem provas no “caso triplex”, Lula termina o ano como favorito para as eleições presidenciais, e com julgamento em segunda instância marcado para o dia 24 de janeiro em Porto Alegre.
A queda de braço continua em 2018, e é cada vez mais difícil estabelecer previsões. O que não se pode negar é que, para bem ou para mal, a Lava Jato respira por aparelhos.
Brasil de Fato