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“Irresponsável e unilateral”, diz embaixador palestino sobre decisão de Trump

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Forças israelenses atuaram, nesta quinta-feira (7) contra palestinos na Cisjordânia ocupada, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza - Créditos: Ma'an News Agency
Forças israelenses atuaram, nesta quinta-feira (7) contra palestinos na Cisjordânia ocupada, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza / Ma’an News Agency

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém, e não Tel Aviv, como capital israelense é “irresponsável e unilateral”, caracterizou Ibrahim Alzeben, embaixador palestino no Brasil.

Depois do anúncio do presidente estadounidense, o Hamas, Movimento de Resistência Islâmica, convocou o início de uma intifada — levante de palestinos contra política expansionista de Israel. Nesta quinta-feira (7), protestos ocorreram em diversos pontos da Cisjordânia e em trechos da fronteira de Gaza com Israel.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Alzeben informou a convocação de intifada não é a posição oficial do governo palestino, que espera “enfrentar esta situação por meios pacíficos”.

Jerusalém é considerada sagrada pelo judaísmo, cristianismo e islamismo. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que Israel ocupa ilegalmente a cidade desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e declarou a lei israelense de 1980 como uma violação Direito Internacional. Para o órgão, o status final de Jerusalém deve ser negociado.

Confira a entrevista com o embaixador palestino:

Brasil de Fato: O Hamas acaba de anunciar a mobilização de uma quarta intifada. No contexto atual, com o governo EUA aliado de Israel a esse ponto, que tipo de consequências esse novo conflito pode ter? 

Ibrahim Alzeben: O estado da Palestina não chamou uma quarta intifada. O Hamas é um contingente do povo palestino, mas isso não quer dizer que é a posição oficial do governo palestino. O que, sim, chamamos é enfrentar esta situação por meios pacíficos e expressar nosso repúdio, nosso rechaço e nossa condenação a essa atitude irresponsável do presidente norte-americano.

Não queremos ver derramamento de sangue do lado palestino nem do lado de ninguém. O que queremos é que os EUA entendam que esta atitude do presidente Trump leva a área à conflagração de um confronto desnecessário. A paz é o caminho e essa atitude do presidente Trump é uma atitude unilateral e irresponsável.

Israel já considera Jerusalém sua capital. Por que esse reconhecimento por Trump é tão simbólico?

Trump representa a superpotência número um no mundo e toma uma atitude que lamentavelmente não está à altura de seu tamanho e do seu poderio. É uma atitude irresponsável para um país como os EUA, que deveria deliberar pela paz e pela segurança e não por criar conflitos aqui e lá. Desde de que chegou à presidência, o senhor presidente Trump está criando caso e desafiando a toda comunidade internacional — não somente o povo palestino, mas os cristãos e muçulmanos também.

A atitude dele na Unesco [em outubro, Trump anunciou a saída dos EUA da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], a atitude dele com o meio-ambiente [em junho, Trump anunciou a saída dos EUA do Protocolo de Paris contra as alterações climáticas]… Realmente, é uma atitude irresponsável que deve ser enfrentada coletivamente por toda a comunidade internacional.

E como essa decisão vai atrapalhar a solução dos dois estados na sua visão?

O direito internacional está bem claro: considera Jerusalém Oriental como território ocupado e há resoluções da comunidade internacional, neste caso das Nações Unidas, que exigem a criação do Estado da Palestina. O Estado da Palestina é reconhecido por 138 países e, portanto, nós estamos munidos com o direito internacional, que exige sua criação e que exige também que Jerusalém seja capital deste estado.

Brasil de Fato