Encrencados com a justiça, presidentes da CBF não podem ir à Copa na Russia
Os três últimos presidentes da Confederação Brasileira de Futebol – Ricardo Teixeira (1989-2012), José Maria Marín (2012-2015) e o atual, Marco Polo Del Nero – estão impedidos de comparecer à Copa da Rússia em 2018. Todos respondem a processos criminais por corrupção e à exceção de Marin, se saírem do Brasil, serão presos.
José Maria Marín, por sinal, começou a ser julgado nesta segunda-feira, 6 de novembro, pela Justiça dos Estados Unidos, no Tribunal Federal do Brooklyn em Nova York. Marín responde a sete denúncias: três por fraude, três por lavagem de dinheiro, e uma por participação em organização criminosa. A previsão é de que seu julgamento dure, pelo menos, duas semanas. Marín foi preso em Zurique, em 27 de maio de 2015, quando participava de um congresso da Fifa na Suiça. Extraditado para os Estados Unidos, estava aguardando julgamento em seu mega apartamento no 41º andar da Trump Tower, em Nova York, o edifício do Presidente Donald Trump.
Já Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira respondem pelos mesmos delitos porém não serão enviados para prisão e julgamento nos Estados Unidos pois o Brasil não extradita seus nacionais. Portanto, não podem sair do país.
E como fica o prestígio do futebol nacional perante o mundo, às vésperas da Copa da Rússia em 2018, com os três últimos presidentes da CBF respondendo por crimes de corrupção?
Quem responde é o radialista e jornalista esportivo Eraldo Leite, presidente da ACERJ, Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro:
“A imagem da cúpula do futebol brasileiro fica muito manchada perante o mundo. Mas o que acontece por aqui não é nada muito diferente do que acontece em outras partes do mundo. A própria Fifa teve o ex-presidente, Joseph Blatter, e o ex-secretário-executivo, Jerome Valcke, afastados por denúncias gravíssimas de envolvimento em atos escusos. É impressionante como as pessoas chegam às cúpulas das entidades com o intuito apenas de se locupletar e não para prestar, de fato, um serviço que seria de se esperar pela sua experiência de vida e pelo seu conhecimento. Enfim, vejo estes fatos como uma vergonha para o futebol brasileiro mas também não vejo como nada muito diferente do que vem acontecendo por aí. Um ex-presidente da CBF (Marín), em prisão domiciliar nos Estados Unidos e assistindo ao início do seu julgamento, e dois outros mandatários (outro ex, Teixeira, e o atual, Del Nero) impedidos de sair do Brasil para não correr risco de serem presos no exterior e, de lá, extraditados para os Estados Unidos.”
Em abril de 2018, haverá eleições para presidência da CBF. É voz corrente no meio esportivo que, mesmo respondendo a processos criminais, Marco Polo Del Nero será reeleito, o que para Eraldo Leite, não será nenhuma surpresa:
“Os clubes e as federações de futebol estão sempre à mercê das benesses da Confederação Brasileira de Futebol para que possam se manter. Então, é praticamente certo que o panorama atual não irá mudar e Marco Polo será então reeleito.”
Votarão para presidência da CBF os presidentes das 27 federações de futebol e os presidentes de 40 clubes, 20 da Série A e 20 da Série B conforme as mudanças efetuadas no colégio eleitoral por Marco Polo Del Nero em março deste ano.
Além do brasileiro José Maria Marín, começaram a ser julgados simultaneamente nesta segunda-feira nos Estados Unidos o paraguaio Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e o peruano Manuel Burga, ex-presidente da federação de futebol do seu país. Apesar da gravidade das denúncias, Marín, Napout e Burga se declaram inocentes de todos os crimes que lhes são atribuídos.
Brasil 247