Nova denúncia contra Temer favorece mobilização popular, dizem movimentos sociais
A segunda denúncia aceita pela Justiça contra o presidente golpista, Michel Temer, tende a desgastar ainda mais a imagem do peemedebista perante a sociedade, avaliam movimentos populares. Alexandre Conceição, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e integrante da Frente Brasil Popular, acredita que a nova acusação pode gerar um contexto de mais mobilizações pela queda do governo.
“É importante saber e entender que esse Congresso também é golpista, portanto, dentro do Congresso Nacional nós não temos muitas esperanças. Nossa esperança continua sendo as ruas, mobilizar o povo, a consciência popular, para que a gente possa fazer com que esse golpe seja derrotado e que em 2018 possamos ter uma eleição limpa, tranquila, com a participação do ex-presidente Lula”, diz.
Temer é acusado de organização criminosa e obstrução de Justiça. Diante da denúncia e de uma base aliada cada dia mais dividida, os parlamentares da oposição avaliam que o contexto atual está mais espinhoso para o governo.
Para o líder do PSOL, deputado Glauber Braga, do Rio de Janeiro, o peemedebista deve se desgastar ainda mais no corpo a corpo com os políticos em busca de votos favoráveis. “O governo tem menos margem de manobra pelo processo de pressão que está acontecendo nas bases dos parlamentares que blindaram Michel Temer na primeira denúncia. A margem de manobra do governo diminui por conta do peso da opinião pública e dos moradores dos respectivos estados. Agora, não tenho dúvida: vão jogar pesado do mesmo, como já jogaram na primeira denuncia”, diz.
Em relação ao trâmite do processo, boa parte dos deputados defende o fatiamento da denúncia, para que Temer e os demais acusados sejam julgados separadamente pelo Congresso.
O deputado oposicionista Alessandro Molon (Rede- RJ) é um dos defensores do fatiamento. Ele argumenta que as consequências da autorização da denúncia são diferentes para o presidente da República e para os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência. Os três são acusados no mesmo processo.
“No caso do presidente, a autorização importa, se a denúncia for aceita pelo Tribunal, em afastamento e, no caso dos ministros, não, portanto, são casos inteiramente diferentes. Não faz sentido se dar ou se negar uma única autorização pra todos os casos”.
Ao mesmo tempo, a aprovação do fatiamento faria com que a análise do caso fosse mais lenta, contribuindo para um maior enfraquecimento do presidente não só no parlamento, mas também diante da sociedade. Após a notificação do peemedebista, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal deve dar início à tramitação da denúncia. Os trabalhos começam nesta quarta-feira (27).
Brasil de Fato