Correios, novo alvo das privatizações de Temer
O desmonte promovido pelo governo Michel Temer parece não ter fim. Depois de anunciar a venda de ativos que vão da Eletrobrás à Casa da Moeda, a gestão já fala abertamente em privatizar também os Correios. Em Nova York, o ministro Moreira Franco, da Secretaria Geral da Presidência, declarou que a venda dos Correios está, sim, em estudo. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou que o tema está em análise
Moreira Franco disse que a tendência é que os Correios passem a atuar mais diretamente no setor de logística, em vez de se concentrar no monopólio postal.
“É o mesmo caso da Casa da Moeda, que produzia mais de 3 milhões de cédulas por ano e agora está (produzindo) 1 milhão e pouco. As pessoas não usam mais moeda”, defendeu.
Repetindo o discurso fiscalista do governo, ele declarou que a situação financeira dos Correios é muito difícil. “Até porque, do ponto de vista tecnológico, há quanto tempo você não manda telegrama? As pessoas perderam o hábito do uso da carta”, afirmou.
José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect), rechaçou a possibilidade de privatização da empresa. “Somos contrários à privatização. A verdade é que não existe vontade política do governo federal de melhorar a empresa, o que querem é entregar os Correios a preço de banana”, criticou.
Em greve por tempo indeterminado, os trabalhadores dos Correios denunciam ameaças de demissão motivada; corte em investimentos, incluindo novos concursos públicos; a suspensão das férias dos trabalhadores; retirada de vigilantes das agências, interferências e o sucateamento no plano de saúde da categoria, além do fechamento de agências por todo, o que também afeta o serviço prestado à população.
Os trabalhadores temem que todos esses cortes sirvam para reduzir os custos de funcionamento da empresa para assim ficar mais atrativa aos investidores num eventual processo de privatização. “Se nós não formos à luta, vamos deixar a empresa mais barata para ser privatizada”, diz o diretor da Fentect Rogério Ubine.
Ao comentar o assunto nesta quinta (21), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avaliou que a solução para “salvar” os Correios poderia ser realizar uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em uma fase prévia a uma privatização total. “As duas hipóteses estão contempladas e o IPO é uma boa alternativa, é sempre um primeiro passo”, afirmou.
“Como os correios têm vários aspectos monopolistas, tem que ser olhada com muito cuidado essa questão (da privatização). Existem outros países que já fizeram isso de forma bem sucedida. Evidente que essa questão está cada vez menos relevante, pois no caso de encomendas cada vez mais há empresas privadas, inclusive estrangeiras, no mercado, e isso é favorável à concorrência”, afirmou Meirelles.