Centrais e trabalhadores se unem em grande ato contra as reformas
“Para ter a retomada do emprego precisamos primeiro pensar na união e convergência de todos os atores da sociedade para progredirmos e barrarmos a convulsão política, econômica e social que aflige o país”, explicou Jesus Cardoso, presidente do Sindimetal-Rio, em entrevista ao Portal Vermelho.
Por Verônica Lugarini*
O Dia Nacional de Mobilização contra as reformas de Michel Temer reuniu nesta quinta-feira (14) todas as centrais sindicais. A unidade dos metalúrgicos na mobilização, que acontece em todo Brasil, tem como objetivo barrar os desmontes do governo, entre eles a reforma trabalhista, a terceirização e a reforma da previdência.
Com diversas fábricas paradas, o movimento destacou a importância da unidade das centrais na luta contra as medidas antidemocráticas que atingem o país no momento, o que poderá levar ao aprofundamento da crise econômica e social.
As grandes mobilizações, nesta quinta, contaram com todas as centrais: a Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Intersindical e União Geral dos Trabalhadores (UGT).
O ato construído para a resistência dos trabalhadores aconteceu em diversos estados, com foco para as mobilizações em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de atos no Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná.
“Esse é um ato nacional é tanto pela história do papel dos metalúrgicos quanto pela necessidade de se mostrar a importância da retomada da indústria. Com as mobilizações demonstramos que sem a indústria, seja ela do setor naval ou a indústria de modo geral, não temos progresso. As autoridades precisam enxergar que nesse momento de crise temos 13 milhões de pessoas desempregadas, um número absurdo que afeta, e muito, os trabalhadores”, reforçou Jesus Cardoso, presidente do Sindimetal-Rio.
Ainda para ele, é preciso buscar a convergência entre os atores do governo, empresários e trabalhadores. É preciso que esses setores estejam unidos em busca de uma saída para o Brasil.
“Queremos a união e convergência de todos os atores para retomar os empregos, sem pensar nas divergências nesse primeiro momento, é necessário pensar na retomada econômica e industrial por meio da união de todas as frentes”, relatou Cardoso.
A retomada da indústria tem papel fundamental para o desenvolvimento do país, mas hoje, a desindustrialização da economia brasileira atinge seu ápice.
Este ano, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) nacional deve cair para menos de 10% neste ano. Queda abrupta se comparada à 1985, quando foi de 21,6%.
Ainda segundo a FitMetal, de 2002 a 2013, o emprego metalúrgico no país cresceu 80% – de 1,35 milhão de trabalhadores formais para 2,44 milhões. Nos dias de hoje, após quatro anos seguidos de mais demissões do que contratações no setor, o Brasil tem apenas 1,9 milhão de metalúrgicos com carteira assinada.
Para o Presidente da Fitmetal, Marcelino da Rocha, as paralisações buscam – além de impedir a reforma trabalhista e a terceirização – acordos e convenções coletivas que não rebaixem os direitos dos trabalhadores.
A mobilização ainda pretende reunir 1,3 milhão de assinaturas para a criação de uma Lei de Iniciativa Popular que anule a reforma trabalhista, que entra em vigor no país no dia 11 de novembro.
Manifestações pelo Brasil
Diante de tal cenário, todas as centrais sindicais se mobilizaram para a luta pelos direitos dos trabalhadores e para a retomada da industrialização.
Confira abaixo as mobilizações pelo país:
São Paulo (SP)
Em São Paulo, a concentração aconteceu na Praça Ramos, em frente ao Teatro Municipal. Após a concentração, os trabalhadores saíram em caminhada, às 10h, pela rua Xavier de Toledo até a Rua Martins Fontes 109, para um ato em frente à sede da Superintendência Regional do Trabalho.
Em entrevista à Rádio Web Agência Sindical, Miguel Torres, presidente da Confederação da categoria (CNTM/Força Sindical), informou que eram realizadas 45 assembleias na base da Capital.
Guarulhos (SP)
Já em Guarulhos, Grande São Paulo, houve atos em cinco fábricas.
Osasco (SP)
Foram realizados protestos em 15 empresas e assembleias em 15 fábricas, entre elas, Meritor e Belgo/Cimaf
São José dos Campos (SP)
Na cidade de São José dos Campos, base da CSP-Conlutas, os metalúrgicos aderiram em peso aos protestos. O dirigente Luiz Carlos Prates (Mancha), destaca que as manifestações estão ocorrendo em três cidades. “A GM, por exemplo, tem lutado contra as práticas antissindicais. São 12 mil trabalhadores que estão em campanha salarial, com data-base em 1 de setembro”, lembra.
Os trabalhadores da Avibras, em Jacareí, iniciaram a primeira greve da campanha.
Na cidade de São José dos Campos (SP), metalúrgicos de nove fábricas se mobilizaram por direitos, com atrasos de até três horas nas empresas da região.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, os metalúrgicos estiveram em frente ao prédio da Petrobras para pressionar o presidente da Petrobras, Pedro Parente, para receber os metalúrgicos do Sindicato do Rio de Janeiro de Angra e de Niterói. O ato em frente a estatal contou com mais de mil trabalhadores.
A categoria é contra a privatização da estatal. “Não podemos aceitar que a Petrobras, uma empresa nacional e historicamente do povo brasileiro, leve as suas obras para fora do país, enquanto há desemprego no Brasil. Por isso, é preciso somar forças para barrar a privatização”, disse o presidente do Sindimetal-Rio, que estava presente no ato.
Minas Gerais
Já em Minas Gerais, os metalúrgicos aderiram em peso ao Dia Nacional de Luta, Protestos e Greves. Os operários fortaleceram as campanhas salariais e dizendo não às reformas que atacam direitos. Assembleias e paralisações ocorreram em Contagem na Belgo e na GE, em Juiz de Fora, na Portaria da Arcelor Mita, em Bocaiuva, na portaria da empresa Rima. Na parte da tarde, em Belo Horizonte, aconteceu o ato dos servidores públicos e ato unitário com outras entidades e movimentos. Além de protestos em Itajubá e Vale do Aço.
Curitiba (PR)
Atos em frente às fábricas, entre elas, Renault/Volks (5h), em São José dos Pinhais, e Volvo (6h), na Cidade Industrial.
Rio Grande do Sul
Paralisações em 28 empresas.
Catalão (GO)
Manifestação nas fábricas John Deere e Mitsubishi.
Para acompanhar a mobilização em tempo real acesse: facebook.com/brasilmetalurgico
Assembleia em Anápolis – GO
*Estagiária no Portal Vermelho, com informações da Agência Sindical e Rede Brasil Atual